Um ex-funcionário do Facebook se mudou para uma ilha remota e está construindo um abrigo para se defender do “apocalipse tecnológico” que, segundo ele, está por vir. Antonio García Martínez, ex-gerente de produto na rede social por dois anos, morava em um dos principais centros da indústria tecnológica do mundo, a cidade de San Francisco. Mas decidiu se mudar para uma ilha afastada no norte dos Estados Unidos por prever que os avanços da tecnologia causarão uma catástrofe social em poucos anos.
Segundo Martínez, o avanço da automação de tarefas fará com que muitos empregos sejam perdidos, o que causará uma situação de conflito social. “Dentro de 30 anos, metade da humanidade não terá trabalho. E a coisa pode ficar feia, pode haver uma revolução. É por isso que estou aqui. Em San Francisco, eu vi como o mundo será daqui cinco a dez anos. Você pode não acreditar que está vindo, mas está – e tem a forma de um caminhão sem motorista prestes a te atropelar”, disse Martínez em entrevista à rede de televisão BBC.
Sua casa é um barco na ilha de Orcas, estado de Washington, a poucos quilômetros da fronteira com o Canadá. Além do barco, possui um terreno na ilha, e está construindo um abrigo para usar em caso de necessidade futura.
Armado com um fuzil AR-15, ele estima que conseguiria se defender no local durante algum tempo se o caos que prevê acontecer, e conta que a escolha do local se deve à sua posição remota e a proximidade com outro país. “Ninguém me conhece aqui. E dá para ir nadando ou de caiaque até o Canadá se a situação exigir”, avalia. Outras vantagens de Orcas seriam o clima e a produção local de gêneros alimentícios.
Martínez é também autor de um livro que faz críticas à indústria de tecnologia na Califórnia. No Facebook, ele era responsável por uma equipe que trabalhava em ferramentas de marketing digital, para direcionamento de anúncios. Em Chaos Monkeys: Obscene Fortune and Random Failure in Silicon Valley (Macacos caóticos: fortuna obscena e falhas aleatórias no Vale do Silício, em tradução livre), Martínez relata sua experiência no setor como funcionário do Facebook e também ao lidar com o ambiente das start-ups e investidores.
Além do trabalho no Facebook, entre 2011 e 2013, ele também fundou uma start-up sobre anúncios digitais que foi comprada pelo Twitter. O ex-gerente tem doutorado em física pela universidade da Califórnia.