A criação de empregos foi positiva em fevereiro pela primeira vez em 22 meses, anunciou o presidente Michel Temer em evento no Palácio do Planalto nesta quinta-feira. Foram criadas 35.612 vagas, resultado de 1.50.831 contratações e 1.215.219 demissões. É o primeiro dado positivo registrado no setor desde março de 2015. A informação é do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que leva em conta as demissões e admissões feitas pelas empresas.
Em janeiro, o emprego formal havia registrado um recuo de 40.864 vagas, e em fevereiro de 2016, o saldo tinha ficado negativo em 104.582. As informações do Caged normalmente são divulgadas pelo Ministério do Trabalho, em coletivas destinadas à imprensa, mas o anúncio de hoje foi feito excepcionalmente pelo próprio presidente da República.
Além de falar do número do mês, o presidente mencionou o comportamento da inflação – que, segundo informações da equipe econômica, deve ficar abaixo do centro da meta de 4,5% neste ano -, a mudança de perspectiva da nota Moody’s na última quarta-feira e a concessão de quatro aeroportos na manhã desta quinta. “São quatro fatos para ilustrar o otimismo que deve guiar os passos do governo e da economia brasileira”, disse Temer.
O presidente também elogiou as medidas implementadas pelo seu governo e, sem citar diretamente as manifestações nem as greves de ontem, minimizou as reações sobre a reforma da Previdência. “Nós já estamos em um clima de estabilidade politica e social. Claro que, quando falamos da Previdência, há observações que serão feitas”, disse o presidente.
Em todo o ano passado, o país registrou perda de 1.321.994 em vagas, o segundo consecutivo de queda na comparação anual.
Setores
Segundo o Ministério do Trabalho, o saldo positivo no emprego formal foi registrado em quatro dos seis principais setores da economia. A principal contribuição veio do setor de serviços, que teve alta de 50.613 postos. O comportamento no mês foi impulsionado pelas contratações em educação, que normalmente ocorrem neste período do ano – mas o governo avalia que o resultado positivo em outros subgrupos de serviços é um sinal positivo. A indústria também contratou mais do que demitiu, pelo segundo mês consecutivo, com 3.949 vagas.
Para o coordenador de Estatística do ministério, Mário Magalhães, um aspecto positivo na indústria é o aumento em setores como vestuário e indústria têxtil, que mostra aumento de confiança. “São setores ligados ao salário, se esses empresários estão contratando, estão acreditando que o poder de renda do trabalhador vai subir”, explica.
Do lado negativo, os setores que registraram mais demissões que admissões em fevereiro foram o comércio (-21.194 vagas) e a construção civil (-12.857).