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Emprego e salário dobram nos EUA e criam novo problema ao Fed

País registrou a criação de 353 mil novas vagas e aumento salarial de 0,6%, ambos são o dobro do esperado pelo mercado. Corte de juros fica mais distante

Por Luana Zanobia Atualizado em 7 Maio 2024, 17h34 - Publicado em 2 fev 2024, 14h59
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  • Nos Estados Unidos, o cenário econômico apresenta desafios significativos para o Federal Reserve (Fed), banco central americano, diante do aumento na criação de empregos, registrado no relatório de emprego (payroll). O país registrou a criação de 353 mil novas vagas em janeiro, o dobro da estimativa do mercado, que esperava que fossem criadas 185 mil vagas.

    O número de desempregados diminuiu, passando de 6,3 milhões em dezembro para 6,1 milhões em janeiro e a taxa de desemprego permaneceu em 3,7%, contra as expectativas de 3,8%. A força no mercado de trabalho apresenta um dilema para o Fed. Isso porque o aquecimento do emprego sugere a necessidade de manter as taxas de juros altas. A probabilidade de o banco manter a taxa na próxima reunião, em março, aumentaram de 62% para 78,5%, enquanto que a de a cortar caiu de 38% para 21,5%.

    Além do aumento na criação de empregos, o salário médio também registrou crescimento, subindo 0,6% em relação a dezembro, superando as expectativas de 0,3%. Em comparação com janeiro de 2023, a média salarial por hora teve um aumento de 4,5%, superando o consenso de 4,1%. Esse crescimento salarial, embora positivo para os trabalhadores, adiciona pressão ao Fed para manter as taxas de juros elevadas, buscando conter possíveis pressões inflacionárias.  No entanto, a decisão de elevar as taxas de juros em uma economia pode desencadear uma série de efeitos, alguns dos quais podem levar a um desaquecimento econômico e até mesmo a uma recessão. Essa preocupação está enraizada nas implicações que taxas de juros mais altas têm sobre o consumo, investimento e setores sensíveis às condições financeiras.  Além de reduzir o consumo e o investimento das empresas, pode afetar também o setor de imobiliário e construção, que dependem significativamente de financiamentos e são particularmente sensíveis a aumentos nas taxas de juros. Instituições financeiras, como bancos, também podem enfrentar desafios. Taxas de juros elevadas resulta no aumento nos custos de captação de recursos, reduzindo a margem de lucro e, em alguns casos, afetando a estabilidade financeira das instituições, como no exemplo mencionado do banco SVB.

    O Ibovespa cai mais de 1% nesta sexta-feira, 2, repercutindo os dados de emprego. Quando o payroll nos EUA apresenta resultados positivos, indicando um fortalecimento do mercado de trabalho, isso frequentemente leva o Fed a considerar a possibilidade de aumentar as taxas de juros. O aumento das taxas nos Estados Unidos tem implicações significativas para os mercados internacionais, incluindo o brasileiro. Uma elevação nas taxas de juros no país torna os investimentos em ativos norte-americanos mais atrativos em comparação com os ativos de países emergentes, como o Brasil. Isso acontece porque os investidores buscam retornos mais elevados, e juros mais altos nos EUA proporcionam essa oportunidade. Como resultado, há uma migração de capital, com investidores retirando recursos de mercados emergentes, como o brasileiro, e direcionando para os EUA. A perda de atratividade dos ativos locais reflete na saída de investidores estrangeiros e, em alguns casos, na realocação de recursos por investidores locais em busca de oportunidades mais vantajosas.

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