Foi difícil alguém não ter notado que a gigante Apple passou a valer 2 trilhões de dólares na semana passada. Passados sete dias do marco histórico, a empresa está valendo ainda mais. Até o meio do dia desta quarta-feira, 26, a Apple tinha um valor de mercado em torno de 2,160 trilhões de dólares. Olhando de repente, 160 bilhões de dólares a mais parece pouco perto dos trilhões, mas a realidade é que em apenas sete dias a Apple ganhou o equivalente três Petrobras inteiras em valor de mercado. Dependendo da calculadora que você tiver disponível, não é possível colocar esse números todos nela. E já tem analista americano arriscando dizer que o valor de mercado da Apple pode chegar a 3 trilhões nos próximo ano. Outros analistas estão mais comedidos. Alguns até apostam na queda das ações. Mas a maioria ainda mantém a recomendação de compra. Esse trilhão para cá e trilhão para lá, tem uma razão de ser: a expectativa de que 350 milhões de pessoas no mundo troquem seu iPhone por um que tenha a tecnologia do 5G. E este iPhone, o de número 12, deve ser lançado até o fim do ano.
O tal analista que prevê a escalada ainda maior da Apple é Dan Ives, da Wedbush Securities. O que Ives enxerga pelos próximos 12 a 18 meses é um super ciclo para a Apple por conta do novo iPhone. É uma oportunidade única na década. Mas alguns analistas alertam que não dá para saber esse será mesmo ou não uma escalada e se os preços das ações já não estão refletindo este ciclo. Os papéis começaram o ano valendo 289 dólares, despencaram no início da pandemia e então quando os investidores notaram que com a crise do novo coronavírus a empresa passou a vender mais, os números dispararam e chegaram a 467 dólares por ação na semana passada. Nesta quarta-feira, batiam 505 dólares. Os resultados do segundo trimestre da Apple justificaram a euforia. A venda dos seus iPads disparam 30% por causa da demanda de alunos e professores que começaram a fazer aula à distância. As vendas do Mac cresceram 20%. Os serviços passaram a representar 20% da receita. As vendas do iPhone cresceram pouco mais de 2%, mas mesmo assim cresceram. E agora a expectativa com o iPhone 12.
Fortnite e guerra comercial no radar
Nem as brigas judiciais e os decretos de Donald Trump contra a China abalaram a confiança na empresa em sua escalada. Mas, ficam os pontos de atenção. A Epic Games, dona do Fortnite, um dos jogos mais populares da atualidade, abriu um processo anticoncorrencial contra a empresa fundada por Steve Jobs. A ação ocorreu após a Apple retirar o jogo da App Store e ameaçar tirar o acesso para o Unreal Engine. O Unreal Engine é uma das plataformas mais usadas por desenvolvedores de games no mundo. A ameaça levou até mesmo a Microsoft depor a favor da Epic Games na Justiça. A Justiça americana se sensibilizou e decidiu que a Apple não poderá tirar o acesso da Epic Games, mas manteve a retirada do Fortnite de sua loja. A Apple é questionada pela empresa de games por cobrar uma comissão muito elevada para quem vende por meio de aplicativos em sua loja: 30% no primeiro ano. Descontente com a taxa, a Epic desenvolveu então um meio de pagamento dentro do Fortnite que driblava esse custo e por isso foi banida da App Store.
O outro ponto que deveria trazer alguma preocupação para os investidores, foi o decreto do presidente americano Donald Trump que proíbe empresas americanas de fazer negócios com o WeChat, um super aplicativo chinês e popular meio de pagamento do país asiático. Mas, Trump voltou atrás. O presidente disse que apenas os americanos nos Estados Unidos não poderiam usar o WeChat. A decisão de banimento total do app poderia ter um custo alto para a economia americana. No caso da Apple poderia perder o mercado chinês para seu iPhone. Os chineses fazem tudo pelo WeChat: pagam contas, compram produtos, ingressos, conversam. O aplicativo é o próprio telefone para eles e a maioria se disse disposta a largar o iPhone se não tivessem como acessar o WeChat. Para a Apple, poderia significar a perda de 20% de seu mercado.