Em linha com projeção do governo, mercado estima queda menor do PIB
Segundo dados do Boletim Focus, do BC, economia brasileira deve recuar 4,5% neste ano com reação da economia; previsão para inflação continua a subir
Os sinais de retomada de diversos setores da economia fazem com que, semana a semana, o impacto estimado para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020, o ano da pandemia do novo coronavírus, seja menor que o esperado. Segundo dados compilados pelo Boletim Focus divulgados nesta segunda-feira, 30, a estimativa de analistas do mercado financeiro é que a economia recue 4,50% neste ano. Esta é a quarta revisão seguida e está em linha com a estimativa do governo para o resultado do PIB no ano. A flexibilização da quarentena, a retomada contínua das atividades e impactos de medidas como o auxílio emergencial impedem um recuo maior. A projeção para o PIB do Brasil em 2021 também subiu: o mercado estima que a economia cresça 3,45% no próximo ano.
A expectativa de recuperação da economia brasileira é vista periodicamente. Após 18 semanas de revisões para baixo, acompanhando a escalada do novo coronavírus no Brasil, as projeções do PIB passaram por estabilização em junho e as previsões passaram a melhorar a partir de julho, com bons sinais vindos da indústria, comércios e agora, com a retomada dos serviços, que deve acelerar tanto os resultados do 3º e do 4º trimestre. O grau da reação a partir de julho será divulgado na quinta-feira desta semana, quando o IBGE apresenta o resultado do PIB do 3º trimeste. No primeiro trimestre, o recuo foi de 1,5% e no segundo, que compreende o período mais agudo das medidas de distanciamento social no país, a queda foi na casa dos 9%.
Como ponto de atenção neste desafio está a inflação. Termômetro para medir o aquecimento do consumo, a projeção do IPCA, índice oficial de inflação no país, sobe junto com a expectativa de melhora do PIB. Entretanto, a pressão inflacionária trazida pelos alimentos pressiona ainda mais o índice. Segundo dados do Focus, a previsão para o IPCA neste ano está em 3,54%, enquanto que na semana passada a previsão era de 3,45%, 16ª revisão para cima consecutiva. Apesar do avanço, o valor continua abaixo da meta definida pelo governo, de 4% neste ano e dentro da margem de erro que varia entre 2,50% e 5,50%.
Após deflações em abril e maio — quando a variação dos preços é negativa — a partir de junho, houve aceleração. O aumento nos preços é visto desde a ponta da cadeia, com a alta da chamada “inflação na porta da fábrica”, que acelerou 3,40% em outubro, como também na ponta, com os índices ao consumidor como o IPCA acelerando mês a mês. Para 2021, houve revisão de 3,40% para 3,47% e em 2022 a estimativa é que a inflação oficial fique na casa dos 3,5%. Apesar do aumento da inflação projetado pelos economistas neste ano, não há mudança na previsão da taxa básica de juros, a Selic. O mercado manteve igual à da semana anterior: em 2% para este ano, taxa atual. O Comitê de Política Monetária (Copom) deve se reunir na próxima semana, a última reunião sobre a Selic neste ano.