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Emendas parlamentares serão usadas em combate a coronavírus, diz Bolsonaro

Em conversa com empresários, o presidente disse que o Ministério da Saúde terá aditivo de R$ 8 bilhões; setor privado se prontificou a ajudar com insumos

Por Victor Irajá Atualizado em 4 jun 2024, 14h24 - Publicado em 20 mar 2020, 15h46
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  • O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar, em conferência realizada com empresários na tarde desta sexta-feira, 20, que a “nossa economia não pode parar” e elencou a produção de alimentos como primordial para que o país enfrente a pandemia do novo coronavírus. “Nossa economia não pode parar, no tocante à produção de alimento”, disse. Ele, porém, voltou a criticar a posição de governadores, como o governador Wilson Witzel (PSC-RJ) de fechar as fronteiras do Rio de Janeiro para voos e ônibus. “Não procede algumas medidas tomadas por algumas autoridades pelo Brasil, como fechar os aeroportos e as estradas”, afirma Bolsonaro. O presidente afirmou ainda que as emendas parlamentares, que somam 8 bilhões de reais, serão destinadas ao combate da pandemia. “Em comum acordo, os parlamentares abriram mão de 8 bilhões de reais de emendas individuais e de bancadas, recurso esse que vai diretamente ao Ministério da Saúde“, disse ele. 

    O presidente voltou a falar em “histeria” e disse que um possível aumento nas taxas de desemprego pode ser mais nocivo do que o vírus em si. “Não podemos entrar em pânico. Temos que tomar as medidas necessárias, mas sem histeria”, afirmou. “Se crescer muito [o número de desempregados], pode ser muito pior”. Ele disse que o Brasil precisa continuar se movimentando e que as medidas não podem colocar em prática o setor produtivo. Ele pediu que o governo centralize as atuações por meio de um conselho de crise. “A primeira sugestão é que se crie um comitê de gestão sobre a sua presidência para que haja a participação de todos nós”, apelou.

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    Entre os presentes, estavam representantes de diversos setores, como o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, e o presidente da Riachuelo, Flávio Rocha. Em sua manifestação, Skaf elencou a saúde como prioridade em detrimento à atividade econômica e disse que o setor privado pode ajudar na gestão da crise. “Todas as necessidades, como materiais, estamos dispostos a ajudar. Na área econômica, podemos colaborar muito”, afirmou ele. “Nos estamos a disposição para ajudar nesta guerra. Nós temos a consciência que primeiro tem que ser controlada a situação da saúde”, disse. “A iniciativa privada quer participar, não para pedir, mas para dar”.

    O dono da construtora Cyrela, Elie Horn, famoso por sua atuação filantrópica, apelou para que os empresários se motivem a ajudar durante a crise. “Sugiro que haja menos egoísmo do empresariado. Temos que compensar o egoísmo que fazemos uso normalmente”, disse ele. Já o empresário Abílio Diniz pregou que as pessoas se isolem para que a disseminação do vírus seja contida. “Não podemos impedir o trânsito de mercadorias e pessoas, mas temos que nos mobilizar para que as pessoas fiquem no mesmo lugar”, disse ele, afirmando que a decisão de isolamento tem que ser centralizada pelo Governo Federal, para evitar que a doença se alastre ainda mais nas regiões Norte e Nordeste do país.

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    CEO da BRF, Lorival Luz afirmou que a iniciativa privada tem a missão de garantir o estoque de alimentos e medicamentos para a população. Já Jean Jereissati, da Ambev, relembrou que transformou uma fábrica mantida pela empresa no Rio de Janeiro em um centro de produção de álcool, para ser utilizado como matéria-prima para a produção de álcool em gel, que deve ser distribuído para as populações paulista e fluminense. Ele também apelou para que o governo olhe “com carinho” para o setor de bares e restaurantes e se prontificou a ajudar os empreendedores. Rubens Ometto, da Cosan, disse estar trabalhando para transformar a produção de álcool em gel e firmar parceiras para distribuição em farmácias.

    O presidente da General Motors na América Latina, Carlos Zarlenga, afirmou que empenhou engenheiros em estudos para que a montadora desenvolva respiradores artificiais. Apesar da dificuldade, relata ele, a empresa tem expertise e material para ajudar na produção. Ele diz que, nas últimas semanas, as vendas de veículos recuaram entre 40% e 50% no país. O CEO da AccorHotels, Patrick Mendes, exortou preocupação ao revelar que durante a semana, 130 hotéis faliram no país e previu a falência de outros 300 na semana que vem. Ele colocou os quartos à disposição das autoridades para o tratamento de pacientes ou para quarentena e apelou ao presidente por medidas rígidas de isolamento para que o país consiga recuperar o setor, como, segundo ele, já faz a China.

    Durante a reunião, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, previu que os casos continuem em aumento exponencial até julho, quando prevê uma estabilização no aumento dos casos para que, em setembro, o número de infecções passe a diminuir. Ele afirma que o sistema de saúde brasileiro vá entrar em colapso a partir de abril e não haverá atendimento nem para quem “tiver dinheiro ou planos de saúde”. Sem cargo no governo, o filho do presidente Flávio Bolsonaro, senador do Rio de Janeiro, estava presente na reunião.

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