O Brasil tem reforçado sua posição de destaque no cenário internacional do futebol nos últimos 10 anos, não apenas pelo desempenho de suas equipes dentro de campo, mas também pela capacidade em exportar talentos. Um relatório recente, realizado pelo CIES Football Observatory, revelou que o país ultrapassou a marca de 1 bilhão de euros em receita com transferências de jogadores nos últimos 10 anos, consolidando o país como um dos principais celeiros do esporte mundial. Para Júnior Chávare, diretor executivo de futebol da Ferroviária S/A, o processo para manter o protagonismo de exportação global é contínuo. “O fenômeno pode ser atribuído a vários fatores, incluindo o investimento em infraestrutura, a melhoria das categorias de base dos clubes e uma estratégia de captação eficaz. Apesar do sucesso atual, o Brasil ainda enfrenta desafios na manutenção de sua posição de destaque na exportação de talentos, com o acirramento da concorrência global em outros mercados”, diz.
O levantamento analisou os fluxos financeiros das transferências do futebol à escala global de 2014 até 2023. A Série A brasileira é a segunda liga cujos clubes obtiveram o maior receita de transferências nos últimos 10 anos, com 1,53 milhão de euros, atrás apenas da Primeira Liga de Portugal (2,23 milhões de euros). Entre os clubes, São Paulo e Grêmio foram os times que mais faturaram com transferências entre 2014 e 2023: O superávit do Tricolor Paulista foi de 168 milhões de euros, enquanto do Tricolor Gaúcho foi de 165 milhões de euros. Em 2023, o Palmeiras foi o clube brasileiro que se destacou no top-20 dos times que mais fizeram dinheioro entre saídas e chegadas, no décimo lugar, com 84 milhões de euros. “Os clubes brasileiros precisam permanecer comprometidos com o desenvolvimento de talentos e aprimoramento de suas estruturas esportivas. Dessa forma, continuará a ser uma potência na exportação de atletas no cenário mundial”, diz Renê Salviano, diretor da Heatmap e especialista em marketing esportivo.
A tradição do futebol brasileiro e sua capacidade de produzir jogadores talentosos é amplamente reconhecida, atingindo níveis inéditos nos últimos anos. Um outro estudo feito pelo CIES Football apontou que o Brasil é o país que mais exporta jogadores no mundo: foram 1 289 atletas apenas em 2023 – número 5,6% maior em relação ao ano anterior. O último recorde havia sido em 2019, com 1 276 atletas expatriados. “O que define hoje quem se sustenta no topo do nosso futebol é a sequência de negócios que transforma grandes receitas extraordinárias, advindas especialmente de transferências de jovens atletas, em receitas recorrentes. É o que diferencia, por exemplo, Palmeiras e Flamengo de outros times”, diz Thiago Freitas, diretor da Roc Nation Sports Brasil, que gerencia as carreiras de Vini Jr, Lucas Paquetá, Endrick e Gabriel Martinelli.