Devido ao cenário político incerto, o dólar fechou nesta quinta-feira, 16, em alta de 1%, aos 4,04 reais na venda, o maior valor desde 25 de setembro de 2018, quando estava em 4,08 reais. Pela primeira vez no ano, a moeda fechou acima dos 4 reais. Já o Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira, fechou em 90.024 pontos, com queda de 1,75%, na menor pontuação desde 28 de dezembro de 2018.
Pela manhã, o diretor-executivo da agência de classificação de risco Fitch Ratings no Brasil, Rafael Guedes, afirmou que a reforma da Previdência é decisiva para o equilíbrio fiscal brasileiro mas não é suficiente para estabilizar o endividamento ou levar a uma revisão de rating positiva do país.
“Falamos que a reforma previdenciária é a mais importante, é a mãe das reformas, mas de maneira nenhuma é suficiente para levar o Brasil a um patamar de estabilização do seu endividamento ou até mesmo a uma revisão de rating positiva”, disse ele.
Ainda de manhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso que houve uma decepção em relação ao desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre de 2019, com projeção de queda do Produto Interno Bruto (PIB) indicada pelo Índice de Atividade Econômica (IBC-Br). O indicador, considerado uma prévia do PIB, foi divulgado na última quarta-feira pelo BC. “Nós mencionamos na ata e na linguagem oficial que ficamos decepcionados com o resultado do crescimento. Inclusive mencionamos a palavra ‘retomada’, o que significa que a gente acha que ele (o crescimento) foi parcialmente interrompido”, disse, durante audiência pública na comissão de orçamento do Congresso Nacional.
Segundo Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos, os investidores percebem um cenário político interno incerto, que pode atrapalhar a tramitação e possível aprovação da reforma da Previdência. “Não chega a ter grandes novidades, mas reiteram um mês negativo para os mercados”, afirma ele.
No final do dia, a moeda ainda estressou com nova notícia negativa sobre a Vale. O Ministério Público de Minas Gerais expediu nesta quinta-feira uma recomendação para que a mineradora informe à população de Barão de Cocais (MG) sobre os riscos de uma eventual ruptura da Barragem Sul Superior, da Mina de Gongo Soco. A empresa tem seis horas para acatar a decisão e informar ao órgão como comunicará a população.
Segundo o Ministério Público, a recomendação tem origem em um documento produzido pela própria Vale, estimando que, uma ruptura poderá ocorrer no período de 19 a 25 de maio. O motivo seria uma deformação no talude (terreno que dá sustentação) norte da barragem, que estaria levando a uma movimentação capaz de gerar a ruptura, explica o órgão. A barragem é do mesmo tipo que a de Córrego do Feijão, em Brumadinho, que ruiu em 25 de janeiro, matando 240 pessoas. Outras 30 estão desaparecidas.
A notícia deixou os investidores apreensivos, já que um rompimento geraria não só desastre social como econômico na empresa. As ações ordinárias da Vale foram as mais negociadas do Ibovespa, o principal índice da bolsa de valores brasileira, e tiveram uma queda de 3,23%.