O dólar fechou em queda nesta terça-feira, indo abaixo de 3,10 reais pela primeira vez em mais de um ano e meio, influenciado por fluxo de ingresso de recursos e pela volta da atuação do Banco Central no mercado de câmbio.
O dólar recuou 0,45%, a 3,0960 reais na venda, menor nível de fechamento desde 2 de julho de 2015, quando fechou exatamente com a mesma cotação. O dólar futuro caía cerca de 0,5% no final da tarde.
Na mínima da sessão, a moeda norte-americana foi a 3,0929 reais e, na máxima, a 3,1283 reais.
“A percepção é de que há mais um vendedor (BC) no mercado”, afirmou mais cedo o economista da consultoria Tendências Silvio Campos Neto.
O BC brasileiro voltou a fazer leilão de swap tradicional –equivalentes à venda futura de dólares– para rolagem dos vencimentos de março, vendendo o lote integral de até 6 mil contratos, equivalente a 300 milhões de dólares. Com isso, voltou ao mercado com esse tipo de intervenção, feita pela última vez em 30 de janeiro.
Se mantiver esse volume até o final do mês, e vender o lote integral, o BC rolará apenas parcialmente o lote que vence no próximo mês, de 6,954 bilhões de dólares.
Segundo operadores, a atuação indicava que o BC não estava preocupado com o nível do dólar, que vem mostrando trajetória de baixa ante o real diante das expectativas de ingresso de recursos externos no País. Segundo operadores, nesta sessão houve esse movimento de entrada, o que ajudou a puxar o dólar para baixo.
“Parece que para o BC, quanto mais baixo (o dólar), melhor. Pode contribuir para cortar um pouco mais a Selic”, afirmou o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior, referindo-se à taxa básica de juros do país.
Durante a tarde, no entanto, o dólar subiu momentaneamente sobre o real após a chair do Federal Reserve, Janet Yellen, ter alimentado apostas de que o banco central norte-americano pode aumentar os juros mais do que o esperado.
Yellen disse que o Fed provavelmente precisará elevar a taxa de juros em uma das próximas reuniões, embora tenha indicado incerteza considerável sobre a política econômica com a administração do presidente Donald Trump. Ela acrescentou ainda, durante audiência no Senado norte-americano, que adiar aumentos dos juros seria “insensato”.
“Ela (Yellen) foi clara ao dizer que não seria inteligente esperar para subir os juros”, afirmou o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer.
Com mais juros, os Estados Unidos podem atrair recursos aplicados hoje em outros países, como o Brasil, o que faria o dólar a se apreciar ante o real.
Os juros futuros nos Estados Unidos indicavam chances de 43% de o Fed elevar os juros três vezes, pelo menos, neste ano, frente aos 33% vistos até a véspera.
Com isso, o dólar atingiu a máxima de três semanas ante uma cesta de moedas nesta sessão.
(Com Reuters)