De cada 100 empresas com ações negociadas na bolsa de valores, 56 não possuem nenhuma mulher na diretoria estatutária, enquanto 37 não contam com presença feminina no conselho de administração.Esses dados fazem parte da quarta edição do estudo “Mulheres em Ações”, realizado pela B3, com o objetivo de mapear a evolução da diversidade no mercado brasileiro.
O levantamento analisou 359 empresas listadas que entregaram seus Formulários de Referência até 13 de junho deste ano.
O estudo revela também que há pouca diversidade racial entre os líderes das empresas de capital aberto: 98,6% (354) não têm diretores pretos e 87,7% (315) não possuem diretores pardos. No levantamento de 2023, o número de empresas sem diversidade racional era menor, com 337 companhias sem pessoas pretas na diretoria estatutária e 305 sem pessoas pardas.
Em relação aos conselhos de administração, 96,6% das empresas não contam com conselheiros pretos, e 90% não têm conselheiros pardos. No mapeamento feito no ano passado, esses números eram, respectivamente, 328 e 311 companhias.
Os números sobre a presença feminina mostram que 56% das empresas não têm mulheres entre os diretores estatutários, um leve aumento em relação aos 55% registrados no ano passado. Já 37% não contam com mulheres no conselho de administração, contra 36% no ano anterior.
Somente 29% das companhias têm pelo menos uma mulher na diretoria estatutária, e 35% possuem uma conselheira. Apenas 6% das empresas contam com três ou mais mulheres entre os diretores, percentual que também sofreu uma queda em relação a 2023.
Flavia Mouta, diretora de Emissores da B3, destaca que a inclusão de uma única pessoa de grupos sub-representados pode ser um primeiro passo, mas tem efeitos limitados. “É a partir da presença de mais pessoas desses grupos que se cria uma massa crítica capaz de influenciar as tomadas de decisão”, afirma.
A iniciativa Anexo ASG, aprovada no ano passado, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), tenta trazer mais diversidade para o comando dessas empresas com medidas para estimular a diversidade de gênero e a inclusão de grupos sub-representados em cargos de alta liderança
Com o mecanismo “pratique ou explique”, as companhias deverão, até maio de 2025, demonstrar ações concretas para aumentar a diversidade ou justificar a ausência de avanços. No ano seguinte, espera-se que as empresas elejam, ao menos, uma mulher e um integrante de comunidade sub-representada para seus conselhos ou diretorias.