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Discurso de Bolsonaro em Davos não traz nada de novo para o mercado

Presidente não se aprofundou sobre como será a reforma da Previdência, o que frustrou alguns analistas do mercado financeiro

Por Fabiana Futema Atualizado em 22 jan 2019, 15h51 - Publicado em 22 jan 2019, 15h21
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  • O discurso relâmpago do presidente Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, não deu pistas ao mercado sobre os rumos da reforma da Previdência, principal pauta econômica do novo governo. Dos 45 minutos que dispunha, Bolsonaro usou apenas seis para falar vagamente sobre reformas, meio ambiente, simplificação tributária e abertura comercial. Ele não se aprofundou sobre nenhum desses temas, mas repetiu a promessa de acabar com a política de viés ideológico.

    Para analistas do mercado, a fala do presidente não trouxe novidades – e nem deveria. “Não trouxe nenhuma mudança. Foi um discurso curto e só confirmou aquilo que é importante para a economia”, diz Pedro Galdi, analista da corretora Mirae.

    André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton, diz que não imaginava que o presidente fosse falar algo muito diferente do que foi seu discurso. “O discurso dele foi insuficiente, mas ainda não afetou o otimismo do mercado em relação ao seu governo.”

    Para o especialista em dólar Jefferson Laatus, a falta de informações sobre reforma da Previdência frustrou as expectativas do mercado. “Pegou mal o Eduardo Bolsonaro dizer que Davos não se interessa por reforma da Previdência. Para o investidor internacional é muito importante ter um horizonte, saber como o Brasil vai fazer seu ajuste fiscal.”

    O Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, caía quase 1% às 15h, aos 95.015 pontos. O dólar subia 0,54%, a 3,78 reais. “Assim que o mercado percebeu que não haveria novidades sobre Previdência, passou a ser afetado por notícias internacionais”, diz Laatus.

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    Para Galdi, a queda da Bolsa hoje não surpreende. “Ela já subiu muito na semana passada, é natural que se faça algum ajuste.”

    Segundo Perfeito, a questão é descobrir agora até que ponto vai o otimismo do mercado com o novo governo. “Existe um limite para esse voto de confiança. Se as promessa que fez não se confirmarem, será muito ruim para ele.”

    Ricardo Balistiero, mestre em economia e coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, afirma que apesar de curto, a pauta econômica do discurso de Bolsonaro deve ter agradado o público de Davos. “Ele falou aquilo que o mercado queria ouvir. Estava indo bem até entrar na parte mais conservadora, que foi fazer a defesa da família e falar de Deus.”

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    Para Balistiero, ficou evidente que Bolsonaro estava nervoso. “Foi a estreia internacional de alguém que está acostumado a falar com o baixo cleto. Não sabe lidar ainda com o púiblico de Davos.”

    Sobre a falta de profundidade do discurso, Balistiero diz que não esperava nada muito diferente. “Ele foi eleito em cima com esse discurso. Se ele voltar daqui a um ano em Davos com a reforma aprovada, vai mostrar que apesar de não empolgar faz o que se prometeu.”

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