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Diante de guerra pelo petróleo, Petrobras reduz preços de combustíveis

A mudança ocorre em meio a disputa promovida por Arábia Saudita e Rússia; é a sétima vez que a empresa promove reajuste na gasolina e no diesel este ano

Por Felipe Mendes Atualizado em 12 mar 2020, 22h18 - Publicado em 12 mar 2020, 13h56
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  • Na esteira da derrocada nos valores do barril de petróleo, que declinam para o patamar de 31 dólares, nesta quinta-feira, 12, a Petrobras anunciou que vai reduzir o preço da gasolina em 9,5%, ou 0,16 reais o litro, e do diesel em 6,5%, para 0,125 o litro. A redução se dará nas refinarias a partir da sexta-feira 13, e impactará todas as praças no Brasil.

    Esta é a sétima vez no ano que a empresa promove reajuste em preço no litro da gasolina; e a quinta vez que altera o valor do diesel. O ajuste mais recente foi em 29 de fevereiro, quando a empresa reduziu em 4% o preço do litro da gasolina; e em 5% o valor do litro do diesel, nas refinarias.

    O barril do petróleo está se desvalorizando diante da guerra de preços protagonizada pela Arábia Saudita e pela Rússia. A estatal passa por um momento de desinvestimentos, com foco em ativos estratégicos, e produziu 2,32 milhões de barris por dia em janeiro, segundo dados do Painel Dinâmico da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

    “O primeiro semestre do ano está perdido. Neste momento, a situação é muito complicada, muito parecida com o que vimos em 2009, na crise do subprime“, diz Adriano Pires, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

    A volatilidade do mercado faz com que as ações da Petrobras sangrem neste pregão. Os papéis preferenciais da petroleira brasileira são os mais negociados na B3 – registram recuo de 25%. Especialistas consultados por VEJA acreditam que o novo patamar do petróleo irá dificultar as negociações do governo para a venda dos ativos, além de inviabilizar a exploração do pré-sal por parte da Petrobras. “Se o preço continuar caindo, e o consumo de petróleo também cair, a situação pode ficar preocupante para a Petrobras. Pode ficar praticamente inviável o pré-sal”, diz Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae Asset.

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    Lobistas da indústria tentam olhar a queda do petróleo por um viés positivo. Isso seria possível caso a economia global demonstrasse sintomas de aceleração. No Brasil, aspectos positivos da retração do combustível fóssil nos últimos tempos podem ser a queda no valor da querosene, o que daria uma sobrevida às companhias aéreas num momento de derrocada no número de viagens devido ao novo coronavírus (covid-19), e no preço da gasolina, o que pode favorecer consumidores e ajustar o custo do frete – debelando de vez uma pressão por parte dos caminhoneiros. “Para o consumidor e para as economias, esse patamar do petróleo não é ruim. Mas o ideal era o valor cair com a economia pujante, não com uma economia fraca. Desta forma, eu veria muito benefícios”, diz David Zylbersztajn, professor da PUC-RJ e ex-diretor da agência reguladora ANP.

    Segundo Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o novo patamar também é uma oportunidade para vários setores, uma vez que o petróleo está em quase todos os segmentos produtivos, como na fabricação de produtos químicos, resinas, plásticos, vidros, cerâmica, cosméticos, borracha e tecidos sintéticos, entre outros. “A redução do preço do petróleo irá aumentar a competitividade dos produtos e favorecer o crescimento econômico e geração de empregos”, disse.

    Entre os economistas, há um receio de que o barril do petróleo não volte a registrar um patamar acima dos 60 dólares novamente – mesmo após a recuperação desta terça-feira 10, quando as cotações se valorizaram 10%, para cerca de 38 dólares. Hoje, com a moeda americana nas alturas, os impactos ainda não são tão grandes para o Brasil. A tendência, no entanto, é que se tornem. O país, em governos anteriores, apostou boa parte de seu Produto Interno Bruto (PIB) na commodity, e diversificou pouco a sua arrecadação. Caso o dólar recue e o petróleo não avance, o país pode pagar caro por querer ser um grande produtor global, impactando até mesmo a geração do etanol.

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