A Bolsa de Valores de São Paulo paralisou suas negociações, pela segunda vez nesta quinta-feira, 12, após atingir queda de 15,43% às 11h12. Foi o segundo circuit breaker do dia e o quarto da semana. Pouco mais de 20 minutos da abertura do mercado, a bolsa paralisou os negócios ao atingir queda de 11,65%. O índice Ibovespa, que chegou ao pico de 119 mil pontos em janeiro, está sendo negociado ao nível de 72.026 pontos. É a menor pontuação desde junho de 2018. O motivo do derretimento da bolsa é o mesmo das sessões anteriores: aumento da preocupação com a disseminação e impactos econômicos do novo coronavírus (Covid-19).
Após o retorno do circuit breaker, caso a bolsa caia 20%, os negócios são parados em definitivo no dia. A decisão, no entanto, não é automática e depende de uma reunião na B3. Na parte da tarde, o índice continuou a aumentar as perdas. Por volta das 14h09, a bolsa caía 18,76%, chegando ao patamar de 69.192 pontos.
Nesta quinta os mercados repercutem a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de restringir viagens entre o país e a Europa para tentar conter o avanço da doença. A decisão, entretanto, colocou mais fogo no já inflamado mercado financeiro, aumentando as preocupações sobre as consequências da pandemia na economia mundial. “Este é o esforço mais agressivo e abrangente para enfrentar um vírus estrangeiro na história moderna”, definiu Trump.
Na segunda-feira, o circuit breaker foi acionado na abertura dos negócios, assim como o caso atual. Na quarta-feira, a queda ocorreu no período da tarde, depois da Organização Mundial da Saúde (OMS) mudar o status da doença para pandemia. “A situação piorou quando o Trump decidiu proibir os voos. É uma ação que pode quebrar as companhias aéreas do mundo inteiro”, diz Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae Asset.
Os gestores de fundos de investimentos, geralmente compradores, estão se desfazendo de ações. Quem paga para ver não está gostando dos resultados. O fundo Ponta Sul, por exemplo, teve um retorno negativo de mais de 80% na comparação ano a ano. A carteira de papéis do Ponta Sul é formada por empresas como Magazine Luiza, Alpargatas e Banco Inter, segundo os mais recentes documentos disponíveis. “Os fundos eram quem poderiam segurar a bolsa. Mas, hoje, eles estão mais propensos a vender suas ações”, diz Glauco Legat, analista-chefe da corretora Necton. “Os ativos estão muito baratos, mas falta liquidez”.
O estresse com as consequências da doença fez com que o dólar comercial batesse a marca de 5 reais pela primeira vez na história, logo na abertura do mercado local. Por volta das 9h48, a moeda operava em alta de 5%, cotada aos 4,96 reais. O recuo ocorreu por causa dos 2,5 bilhões de dólares a vista ofertados pelo Banco Central para conter a volitividade da moeda.
Oficialmente, há 60 casos de Covid-19 confirmados no país pelo Ministério da Saúde. O número, porém, deve subir durante o dia porque há mais casos confirmados em São Paulo pelo Hospital Albert Einsten. Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a transmissão do vírus no Brasil ainda não é comunitária, ou seja, é possível identificar a transmissão.
Nas bolsas estrangeiras, o clima também era de caos. Nos EUA, o pré-mercado das bolsas teve circuit breaker após queda de mais de 7% no S&P Futuro e no Dow Jones Futuro, cada. Por volta das 10h40, as negociações na bolsa de Nova York (Nyse) foram paralisadas por 15 minutos. Às 11h25, o Dow Jones caía 8%. Na Europa, as bolsas de Londres e Frankfurt operam em queda de 9%. Na Ásia, os mercados também tiveram um dia agitado. O índice Nikkei da Bolsa de Valores de Tóquio, terminou em queda de 4,41%, seu pior nível em quase três anos. Em Seul, a desvalorização de 3,87% e, Hong Kong, a bolsa caiu 3,66%. Na Austrália, o tombo foi de 7,36%.
As bolsas chinesas foram as que acumularam menor queda, na casa de 2%, após o país anunciar que o pico da transmissão do coronavírus no país já foi superado.