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Como as incertezas fiscais afetam a cotação do real

A instabilidade fiscal e os desafios econômicos internacionais colocam o real entre as moedas mais desvalorizadas do mundo em 2024

Por Luana Zanobia Atualizado em 14 jun 2024, 11h48 - Publicado em 14 jun 2024, 08h37
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  • O real tem vivido dias difíceis, figurando entre as dez moedas que mais perderam valor frente ao dólar em 2024. Um levantamento recente da Austin Rating, baseado em dados do Banco Central do Brasil (BC), coloca a moeda nacional na sétima posição entre as que mais se desvalorizaram, acumulando uma queda de 9,5% no ano até o fechamento dos mercados nesta terça-feira, dia 11 de junho, quando chegou aos 5,36 reais, mesma cotação de fechamento da quinta-feira, 13.

    Leia também: Com decisões equivocadas, governo Lula aumenta a incerteza na economia

    O Brasil se encontra em uma posição desconfortável ao lado de países que enfrentam sérios problemas financeiros, como a Argentina, e de nações como Nigéria, Egito, Sudão do Sul e Gana, que enfrentam conflitos civis que afetam gravemente suas economias.

     

    A desvalorização do real é influenciada por uma combinação de fatores internos e externos. O cenário fiscal brasileiro, as políticas monetárias internacionais e a balança comercial do país exercem forte influência na cotação da moeda.

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    No cenário doméstico, a instabilidade fiscal é um dos principais fatores que contribuem para a desvalorização do real. Neste ano, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revisou a meta fiscal do Brasil, alterando a previsão de déficit zero para um déficit de 0,25% em 2024 e de superávit para um déficit zero em 2025. Essa mudança é percebida pelo mercado como uma flexibilização nos gastos públicos, o que gera desconfiança entre os investidores, principalmente em um contexto no qual o governo encontra dificuldades para aumentar suas receitas. Além da formalização das metas fiscais mais permissivas, sinalizações dadas pelo presidente Lula, que fala em aumentar gastos públicos, ao lado de medidas da Fazenda que não emplacam (como a MP do PIS/Cofins), pioraram a percepção dos investidores.

    Leia também: Haddad sofre revés com MP e enfrenta inédita fragilidade política

    A balança comercial, que historicamente tem sido um ponto forte para a economia brasileira, também não está apresentando resultados favoráveis neste ano. As exportações, que em anos anteriores geraram saldos positivos robustos, não estão alcançando os mesmos níveis de desempenho devido a uma menor demanda internacional e preços mais baixos para commodities-chave, como soja e minério de ferro.

    No cenário externo, as sinalizações do Federal Reserve (banco central americano, o Fed), sobre a condução dos juros têm sido determinantes para a valorização do dólar frente ao real. Nos últimos meses, o Fed tem demonstrado preocupação com a trajetória da inflação nos Estados Unidos, adiando o início do ciclo de cortes de juros. Na quarta-feira, o banco manteve os juros inalterados e sinalizou que espera mais confiança nos dados econômicos antes de proceder com cortes, elevando a pressão sobre o real. A manutenção dos juros altos nos EUA torna os títulos do Tesouro americano mais atrativos para os investidores, que preferem a segurança dos investimentos em dólares, retirando capital de mercados emergentes como o Brasil.

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