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Como a inflação se tornou a maior armadilha para o partido democrata

O governo de Joe Biden tentou chamar a atenção para dados econômicos positivos, mas a alta de preços falou mais alto; o saldo será mostrado nas urnas

Por Luisa Purchio 8 nov 2022, 12h38
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  • Nesta terça-feira, 8, os eleitores americanos de todo o país vão às urnas para as eleições nos Estados Unidos de meio de mandato. Além de inúmeras prefeituras e 36 governos estaduais, estão em jogo todas as 435 cadeiras na Câmara dos Deputados e 35 das 100 cadeiras no Senado. Hoje o partido do presidente Joe Biden controla 221 assentos contra 212 dos republicanos, enquanto no Senado cada partido detém 50 cadeiras – na prática, porém, a vice-presidente democrata, Kamala Harris, controla o Senado ao desempatar as votações.

    Controlar as casas legislativas é crucial para a aprovação dos projetos dos democratas e o resultado destas eleições darão as cartas do próximo pleito presidencial em 2024. E como não poderia ser diferente, a economia é a principal preocupação dos eleitores, prioridade que se mantém desde o início da pandemia e dos lockdowns. Uma pesquisa realizada pelo You Gov Poll entre os dias 29 de outubro e 1º de novembro com eleitores americanos mostrou que a economia, a inflação e os preços estão no topo de suas preocupações.

    O presidente Joe Biden e sua equipe sabem disso e fizeram grandes esforços para desviar o foco dos americanos da inflação de 8% que atinge o país a meses, tentando chamar a atenção para outros dados positivos sobre a economia americana, como o mercado de trabalho aquecido, o baixo índice de desemprego em 3,7% e a alta nos salários, porém a estratégia não funcionou. Outras pautas entraram no discurso dos democratas como direitos reprodutivos, ameaças à democracia e acesso a armas, porém o peso da alta dos preços no bolso, a maior em 40 anos, está falando mais alto.

    A palavra recessão tomou conta do vocabulário americano e a população vive o encarecimeento dos alimentos e dos combustíveis, assim como o aumento das taxas de hipoteca, a desvalorização das casas, as baixas no mercado de ações e títulos e as demissões nas empresas principalmente de tecnologia. Contra os democratas pesa ainda a defesa dos pacotes trilionários de estímulos à economia durante a pandemia, apesar dos recorrentes alertas de especialistas sobre o exagero nas injeções de dólares e suas consequências para a inflação.

    É verdade que os estímulos, assim como a queda do juros por um longo período por decisão do Federal Reserve Bank foram fundamentais para manter a economia dos Estados Unidos aquecida e o desemprego em patamares baixos, mas o custo político da inflação será demonstrado pelo resultado das urnas nas eleições de hoje.

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