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Como a agropecuária foi o único setor que cresceu durante a pandemia

Na ótica da produção, área teve voo solo, enquanto indústria e serviços puxaram a queda do PIB do 2º tri para -9,7%

Por Luisa Purchio Atualizado em 1 set 2020, 11h59 - Publicado em 1 set 2020, 11h48
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  • Investimentos e foco na tecnologia tornaram o Brasil o maior exportador do agronegócio no mundo devido ao aumento da produtividade no campo. E, esse trunfo é fundamental para o setor ultrapassar a tempestade sem sustos. Em um momento de crise intensa como a causada pela Covid-19, isso tem se mostrado cada vez mais positivo para a economia brasileira. O Produto Interno Bruto (PIB) do país caiu 9,7% no segundo trimestre de 2020 em relação ao primeiro porque setores sofreram durante a pandemia devido ao isolamento social e queda da demanda. A exceção à regra, ou ao resultado, foi a agropecuária, único setor produtivo que apresentou crescimento durante a fase mais aguda da crise.

    De acordo com dados sobre o PIB no segundo trimestre divulgados nesta terça-feira, 1º, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a agropecuária é o único setor que cresceu na pandemia. A alta foi de 0,4% no segundo trimestre quando comparado ao trimestre anterior, em dados com ajuste sazonal. Apesar de pequeno e abaixo de um ponto percentual, esse crescimento é significativo quando comparado à queda que ocorreu em outras áreas: o setor industrial teve retração de 12,3%, enquanto o de serviços caiu 9,7%. Já quando comparado com o segundo trimestre de 2019, o segundo trimestre de 2020 teve alta de 1,2%, enquanto todos os outros setores apresentaram quedas superiores a 11%, em dados sem ajuste sazonal.

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    Na exportação de bens e serviços, que cresceu 0,5% no segundo trimestre de 2020 em relação ao segundo trimestre de 2019, a importância do agro é latente. De acordo com a Brandalizze Consulting, só a soja, cujo preço e volume exportado batem recorde, representa aproximadamente 20% do total dos produtos exportados no primeiro semestre de 2020. A carne também possui peso significativo, de cerca de 10%, enquanto o café representa aproximadamente 7%. “O fator principal dessa alta é a demanda mundial crescente, ao mesmo tempo que não tem muitos países fornecedores. Só nas três primeiras semanas de agosto os produtos da agropecuária que não passaram pela indústria somaram 3,1 bilhão de dólares, ou 1 bilhão por semana”, diz o consultor Vlamir Brandalizze.

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    Outro dado que chama a atenção é a queda na importação de bens e serviços. No segundo trimestre de 2020, ela retraiu 14,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Isso ocorreu devido à alta do dólar, que encare os produtos internacionais, mas na área de alimentos foi possível porque o país se tornou autossuficiente em praticamente todos os produtos, com exceção do trigo, que é importado principalmente da Argentina e do Paraguai. Mesmo assim, devido à desvalorização do real, houve queda na compra desse produto internacional.

    Tendo em vista a importância dos produtos do agronegócio para a balança comercial brasileira e que um estudo realizado em julho pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que a demanda por commodities irá aumentar até 2029, esse é um setor que merece cada vez mais ser valorizado no País e cujas práticas devem inspirar outros. Se aplicadas em setores como o de bens manufaturados, o investimento em tecnologia, a facilitação do ambiente de negócios e a independência do Estado podem alavancar ainda mais o país.

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