A aprovação do texto-base da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara dos Deputados animou os investidores brasileiros nesta quinta-feira, 4. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, renovou sua máxima histórica, fechando aos 103.636 mil pontos – uma alta de 1,56%.
Em dia de feriado nos Estados Unidos, o dólar, que normalmente tem significativa influência do mercado externo, também foi impactado pela reforma. Na cotação da venda, o câmbio teve queda de 0,71%, atingindo o patamar dos R$ 3,80, o menor desde 21 de março.
Dos 49 membros da comissão, 36 votaram a favor das mudanças e 13, contra. O colegiado ainda está votando os destaques para que o texto possa seguir para o plenário da Câmara.
A reforma da Previdência é a principal pauta dos investidores brasileiros em 2019 e vem regendo as movimentações no câmbio e no mercado de ações — por isso, o otimismo após a aprovação foi grande. Segundo Pedro Galdi, analista-chefe da corretora Mirae Asset, mais do que comemorar o avanço da proposta, os investidores estão aliviados de que isso tenha acontecido antes do dia 18 de julho, quando o Congresso Nacional entra em recesso. Para eles, o prazo é fundamental. “Não acabou ainda, mas tínhamos que fazer antes do dia 18. Os investidores estão um pouco mais confiantes também pelo esforço observado para a aprovação”, afirma ele.
Com relação às questões polêmicas envolvendo o relatório, como a não inclusão dos estados e municípios e a flexibilização das regras para agentes de segurança pública — rejeitada nesta quarta-feira —, Galdi afirma que não têm tanta influência no mercado. Primeiro, porque o relatório atual já atinge a economia de 1 trilhão de reais em 10 anos, desejada pelos investidores. E, segundo, porque a proposta ainda pode ser modificada por destaques antes da votação no plenário. “Os trâmites são meio indiferentes para nós. O importante é aprovar”, completa ele.
Para Cléber Alessie, operador de câmbio da H.Commcor, apesar do otimismo, os investidores ainda não dão como certa a aprovação da reforma no Congresso. “Os preços mostram otimismo, mas não quer dizer que o mercado não está com um pé atrás, de olho em uma eventual frustração”, afirma ele. “Eu não acho que a comissão especial tenha sido o motivo que levou ao movimento de hoje. Era apenas um ponto necessário para que o mercado olhasse para o plenário”, completa Alessie.
A expectativa, agora, segundo os analistas, é a de que a proposta também seja votada no plenário da Câmara antes do recesso parlamentar do dia 18 de julho, o que então, para o mercado, seria um passo mais significativo e definitivo rumo à aprovação da reforma.