A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, de interromper o ciclo de cortes e manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,5% ao ano, desagradou a indústria. Em nota, a Confederação Nacional da Indústria, CNI, afirmou que a decisão é “inadequada” e “excessivamente conservadora”.
Para Ricardo Alban, presidente da entidade, a decisão irá impor restrições adicionais à atividade econômica, com reflexos negativos sobre emprego e renda. “A manutenção do ritmo de corte na Selic seria o correto, pois contribuiria para mitigar o custo financeiro suportado pelas empresas e pelos consumidores, sem prejudicar o controle da inflação”, diz Alban.
Com a Selic mantida em 10,5%, a taxa de juros real (que desconsidera os efeitos da inflação esperada para os próximos 12 meses, que é de 3,6%) fica em 6,64%. Segundo a entidade, essa taxa está 2,14 pontos percentuais acima da taxa de juros real neutra, estimada pelo Banco Central em 4,5% ao ano. “Importante salientar que a taxa de juros real do Brasil é a segunda maior do mundo, atrás apenas da taxa da Rússia.”
“Os prejuízos dessa política monetária são claros ao analisarmos o comportamento da atividade econômica. As previsões apontam que o crescimento do PIB deve ser menos intenso este ano do que foi no ano passado”, disse a entidade.