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Clientes brigam por itens em Black Friday e loja antecipa fechamento

Episódio reflete momento do consumo, pós-vacina, mas inflacionário; varejo de itens para casa Etna anunciou descontos de até 90% e fechou três lojas no ano

Por Luisa Purchio Atualizado em 15 nov 2021, 15h28 - Publicado em 15 nov 2021, 14h05
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  • A crise econômica pós-Covid-19 gerou uma alta pressão inflacionária em produtos dos mais diversos tipos e as famílias brasileiras, perdendo poder aquisitivo, frearam as compras e derrubaram os números do comércio, conforme mostraram os últimos dados do varejo do IBGE. De oito atividades pesquisadas, seis caíram em setembro, sendo que a categoria de móveis e eletrodomésticos foi a segunda com maior retração, de 3,5%. Com a aproximação do Black Friday, no entanto, no dia 26 de novembro, muitas empresas estão antecipando as promoções e conseguiram agitar a pasmaceira do consumo em suas lojas.

    No sábado, 13, a unidade do varejo de móveis e produtos para casa Etna Berrini, em São Paulo, teve de fechar os portões mais cedo devido ao grande volume de clientes presentes no local. O site da empresa anunciou descontos de Black Friday de até 90%, o que atraiu um número elevado de pessoas. De acordo com o gerente que preferiu não se identificar, o fechamento ocorreu para evitar mais confusões no local, uma vez que clientes passaram a discutir por itens e carrinhos de compra, precisando da interferência de funcionários para separar brigas.

    Na Avenida Chucri Zaidan, na Zona Sul da capital paulista, por volta das 19h, dezenas de carros aguardavam a reabertura da loja, que possuía na entrada uma placa informando que a entrada seria liberada entre 18h e 20h. A cabeleireira Camila Gonçalves Lopes, de 37 anos, ficou por uma hora esperando com o marido até às 20h e não conseguiu entrar. Moradora de um bairro distante, a 20 quilômetros da unidade, ela ficou inconformada com o fato de ter perdido a viagem diante dos atuais preços da gasolina. “Dei de cara com os portões fechados, mas na placa fala que é até às 20h. Vim da Freguesia do Ó, que é super longe”, disse.

    O mesmo ocorreu com o arquiteto e empresário Bruno Mendes, de 31 anos, que ficou das 19h às 20h na fila com a mãe e a tia esperando a entrada ser liberada. “Os seguranças chamaram o gerente, mas ele simplesmente não apareceu. Uma cliente pulou a grade, tentou acesso, mas não deixaram ela entrar”, disse ele.

    O episódio pode ser interpretado como um reflexo claro da crise econômica que afeta o país. Existe na população um grande desejo de consumir neste momento pós-vacinação, principalmente itens de casa, uma vez que o mercado imobiliário se expandiu e as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa com o modelo de trabalho à distância adotado devido à Covid-19. No entanto, com poder de compra limitado devido à pressão inflacionária, principalmente vinda dos combustíveis e da energia elétrica, a população aguarda promoções que permitam adquirir produtos mais em conta.

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    Empresa em reestruturação

    A Etna foi fundada em 2004 por Nelson Kaufman, fundador da joalheria Vivara, cuja operação foi totalmente separada da loja de itens para casa após seu IPO, em outubro do ano passado. Atualmente dona de seis unidades no país, a empresa fechou nos últimos tempos cinco unidades diante do baixo número de vendas, mantendo o atendimento em algumas regiões apenas no e-commerce.

    No ano passado, as lojas físicas em Belo Horizonte e Campo Grande tiveram as atividades encerradas. Neste ano, as unidades de Recife e Fortaleza foram fechadas e, às vésperas de fim de operação, a empresa anunciou descontos de até 70% para queima de estoque, o que causou filas enormes e demandou controle de entrada de clientes nas unidades. Há cerca de um mês, a unidade em Salvador também encerrou as atividades.

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