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Chefe do Instagram sai em defesa do TikTok

O maior concorrente do TikTok diz que não pode apoiar banimento porque deixar o setor à mercê do humor dos países traria grandes custos futuros

Por Josette Goulart Atualizado em 18 set 2020, 18h29 - Publicado em 18 set 2020, 18h10
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  • “Uma proibição do TikTok nos EUA seria muito ruim para o Instagram, Facebook e a internet de forma mais ampla”. Quem saiu em defesa do TikTok foi nada mais nada menos do que o chefe do Instagram nos Estados Unidos, Adam Mosseri. E publicou sua opinião numa outra rede social, o Twitter. Ele ainda afirmou que quem estivesse cético em relação à sua posição era só lembrar que a maioria das pessoas que usam o Instagram está fora dos Estados Unidos, assim como está o seu potencial de crescimento. “Os custos de longo prazo (de ficar à mercê) do humor dos países em fazer demandas agressivas e nos banir na próxima década superam a desaceleração de um concorrente hoje”. A presidente interina do TikTok, Vanessa Pappas, respondeu a Mosseri imediatamemente: “Nós convidamos o Facebook e o Instagram a aderir publicamente ao nosso desafio e apoiar o nosso litígio. Este é um momento para deixar de lado nossa concorrência e focar em princípios fundamentais como liberdade de expressão e o devido processo legal”.

    O governo americano proibiu novos downloads dos aplicativos do TikTok e WeChat, em solo americano, a partir de domingo. Isso significa que o aplicativo não poderá ser mais atualizado, mas continuará operando normalmente. Um possível banimento completo do TikTok ainda está marcado somente para novembro, para depois das eleições americanas. Muitos especialistas acreditam que a atitude de Trump é apenas eleitoreira, já que a guerra comercial com a China é um assunto caro aos americanos.  Em agosto, Trump deu o prazo de 45 dias para a ByteDance vender a operação americana do TikTok para uma empresa americana. Nesta semana, a ByteDance anunciou uma parceria com a Oracle que teria a função de torná-la um parceiro tecnológico confiável. Os jornais americanos noticiaram ontem que a proposta é a Oracle ter cerca de 20% da operação, o WalMart também entraria no negócio com uma participação menor, seria feito um lançamento de ações, mas os chineses da ByteDance continuariam no controle. E é neste ponto que residem as dúvidas se o governo americano irá aceitar as condições. A nova ordem do governo americano divulgada hoje poderia ser uma forma de pressionar a ByteDance. Existe ainda tem um outro aspecto, a China também precisa aprovar o negócio.

    O TikTok entrou com uma ação na Justiça contra o governo americano alegando que não está tendo a chance do devido processo legal, e por isso Vanessa Pappas pede o apoio oficial de seus concorrentes. Muita gente ficou de fato cética com o post de Mosseri, do Instagram, por conta de reportagem do jornal The Wall Street Journal que contou, no fim de agosto, a história de que Mark Zuckerberg, o dono e criador do Facebook, empresa dona do Instagram, teria sido o responsável por botar uma pulga atrás da orelha de Donald Trump. O presidente americano alega que as empresas chinesas, sob o comando do Partido Comunista Chinês, estão monitorando os americanos e esta é sua justificativa para o banimento. Também não se pode deixar de notar que as redes sociais americanas são proibidas hoje na China. Quando a matéria do WSJ foi publicada, o Facebook se posicionou assim: “Mark nunca defendeu o banimento do TikTok. Ele vem reafirmando publicamente que os maiores competidores das empresas de tecnologia dos EUA são as empresas chinesas, cujos valores não estão alinhados a ideais democráticos, como o da liberdade de expressão. É absurdo sugerir que questões duradouras de segurança nacional – abordadas por políticos dos dois lados do espectro – tenham sido moldadas por declarações do Mark apenas”.

    O TikTok tem 100 milhões de usuários nos Estados Unidos e foi o aplicativo mais baixado no mundo durante a pandemia e é hoje a maior ameaça ao Instagram. O especialista em TikTok e em redes sociais da G3A, Guilherme Abreu Andrade, diz que não foi à toa que o Instagram lançou o Reels, que tem funções para criação de conteúdo muito parecidas com o TikTok, e que chegou primeiro no Brasil e na França. O TikTok ainda não tem a força no Brasil que tem nos Estados Unidos, mas está crescendo rapidamente. Para o Instagram, fica mais fácil barrar o crescimento dos concorrentes quando eles ainda não estão tão fortes.

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    Nos Estados Unidos, o TikTok também tem sido usado para protestos contra Donald Trump. Os adolescentes, maior público do aplicativo, chegou a reivindicar o esvaziamento de um evento de campanha de Trump, logo no início da pré-campanha.

    Além do TikTok, o WeChat também está em processo de banimento nos Estados Unidos. O aplicativo não é tão popular quanto o TikTok, mas traz uma preocupação extra para as empresas americanas. Mesmo que Trump não proíba empresas americanas de fazer negócio com o WeChat na China, o governo chinês pode retaliar os seus negócios. Uma das maiores prejudicadas seria a Apple, que tem 30% de seu faturamento proveniente da China. Se a Apple não puder oferecer o WeChat na sua loja de aplicativos, os chineses podem simplesmente abandonar o iPhone, já que o aplicativo WeChat é usado para as mais diversas atividades pelos chineses, desde ver notícias, conversar até pagar contas.

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