Novos hábitos das famílias brasileiras fizeram com que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciasse, nesta sexta-feira, 11, alterações no cálculo da inflação. No Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2020, preços de serviços de transporte por aplicativo e streaming de música passam a fazer parte da conta. Em contrapartida, preços de CD e DVD, assinatura de jornais e revelação de fotografias saem da cesta do IPCA.
As mudanças são resultado dos dados coletados na Pesquisa de Orçamento Familiares 2017-2018, divulgada na semana passada. A nova estrutura do IPCA vai considerar 377 produtos e serviços, com seis subitens a menos que a divulgada atualmente. “Ficamos muito tempo sem ter uma POF e temos uma mudança cada vez mais rápida no padrão tecnológico. Tivemos a saída de alguns itens que realmente não encontramos mais. Ao mesmo tempo, tivemos a entrada de produtos que estão no cotidiano de milhões de brasileiros”, explicou, em nota, o gerente de Índice de Preços do IBGE, Pedro Kislanov.
O grupo alimentação foi o que teve mais mudanças. Saíram 25 itens, como diversos tipos de peixe e entraram 24. Entre os novos pesos da inflação estão o valor de vinho, tanto dentro como fora de casa, macarrão instantâneo e sorvete. Em despesas pessoais, o IBGE incluiu serviços de pet shop (tanto de saúde como de higiene de animais domésticos). Em artigos para residência, saem o aparelho de DVD e o conserto de som e entram videogames e reparos em celulares. Veja abaixo o que entra e o que sai da conta da inflação:
Transporte pesa mais
O IBGE também vai alterar o peso do cálculo de cada item na conta da inflação. Pela primeira vez, o grupo de transportes será o principal componente da inflação, com 20,8% do indicador. O grupo superou alimentação e bebidas, que passa a pesar 19% no IPCA. No caso dos transportes, houve redução no peso do transporte público, que passou de 4,50% para 3,16%. Adicionalmente, foram incorporados bilhetes de integração de transporte público (0,07%) e transporte por aplicativo (0,21%). Também nesse grupo, o peso de 11,66% do veículo próprio indica o comprometimento dos orçamentos das famílias com produtos e serviços como emplacamento, seguro e estacionamento.
“O aumento no peso do transporte pode ser explicado pela menor quantidade de opções desse serviço, enquanto na alimentação, as famílias tem mais facilidade em trocar alguns produtos por outros, para economizar”, explicou o gerente de Índice de Preços do IBGE.
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que calcula a inflação das famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos, seguiu com alimentação e bebida como o grupo de maior peso, porém reduzindo sua participação de 27,3% para cerca de 21,5%. Assim como no IPCA, transportes teve ganho de participação de cerca de 1,8 ponto percentual, chegando a 20%.