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Briga comercial: indústria de alumínio interrompe exportações para EUA

Enquanto comitiva americana assinava acordo comercial com Brasil, o setor decidia parar de vender para o país por conta de sobretaxa

Por Josette Goulart Atualizado em 4 jun 2024, 14h49 - Publicado em 21 out 2020, 18h27
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  • “Hoje ocorreu a formalização de acordos entre Brasil e Estados Unidos sobre: facilitação de comércio, anti-corrupção e boas práticas regulatórias. Tratam-se de medidas que desburocratizam os negócios entre os países”, disse o filho 03 de Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro, em uma sequência de tuítes ilustrados com fotos da comitiva americana que esteve no Brasil esta semana. Mas, enquanto a comitiva prometia ampliar o comércio com o Brasil, a indústria de alumínio já pagava o preço de uma sobretaxa de 50% a 130% imposta pelo governo de Donald Trump sobre o produto há cerca de duas semanas. A indústria resolveu então interromper as exportações para o país. A associação do setor, a Abal, diz que o governo americano impôs as sobretaxas a 17 países, se antecipando a uma investigação de um processo antidumping solicitado pelas empresas americanas. Na prática, a indústria de alumínio brasileira parou de vender cerca de 8% de sua produção, o equivalente a cerca de 450 milhões de reais por ano.

    O que espanta no processo americano é que o processo envolve 17 países, ou seja, a maior parte dos produtores de alumínio do mundo. Normalmente uma questão antidumping, que investiga uma prática de concorrência desleal, envolve alguns poucos países, alguns poucos produtores, que dá para contar nos dedos de uma mão. Pensar que todos os países do mundo estão sendo desleais com os Estados Unidos na venda de alumínio parece ser um pouco exagerado. O país quer saber se os exportadores estão vendendo a preços abaixo do que vendem em seus próprios países ou até se alguns subsídios podem estar reduzindo artificialmente os preços.

    O presidente da Abal, Milton Rego, diz que essa situação de processar tantos países mostra como os Estados Unidos adotaram postura anticompetitiva, e não é só em relação à China. Os chineses saíram de uma participação de 9% no mercado de alumínio no mundo, no início do milênio, e terminaram 2019 com 56% do mercado. Para tentar barrar os chineses e fazer a América grande novamente, Trump sobretaxou os produtos chineses. Mas a indústria americana continuou sem vender porque outros países vendiam mais barato e dominaram o mercado americano no lugar da China. Foi então que a indústria americana resolveu abrir o processo antidumping contra todo o mundo.

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    As sobretaxas sobre o alumínio ainda não são definitivas, o que significa que, em março de 2021, quando o processo de investigação terminar, o governo americano pode devolver as taxas. Mas, na prática, nesse meio tempo, se a indústria do alumínio quiser exportar, terá de fazer quase como um depósito judicial. Ou seja, vai receber menos. Por isso que o setor tomou a decisão de não mais vender para os americanos. Rego diz que a produção do alumínio, apesar da pandemia, vai até crescer no Brasil em relação ao ano anterior. Em 2019, algumas indústrias entraram em manutenção e por isso houve redução do volume ano passado. Neste ano, a indústria não parou porque acaba custando muito caro desligar os altos fornos.

    O Ministério da Economia, por meio da assessoria de imprensa, informou que acompanha o processo e está auxiliando as empresas brasileiras na investigação que corre nos Estados Unidos. Nesta semana, o Brasil assinou um memorando de entendimentos para um empréstimo de 1 bilhão de dólares e também fechou um acordo comercial com os americanos. Um dos pontos foi a criação do Operador Econômico Autorizado, que facilita o desembaraço de mercadorias nas aduanas e até prevê que haja redução tarifária. Aparentemente, não vale para a indústria do alumínio. 

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