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Brasil movimentou mais em IPOs em 2020 do que a Europa inteira

Aberturas de capital no país, nos EUA e na China cresceram, enquanto o Velho Continente ficou para trás; IPOs movimentaram 300 bilhões de dólares no mundo

Por Carlos Valim Atualizado em 30 dez 2020, 21h41 - Publicado em 30 dez 2020, 16h42
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  • O ano de 2020 na economia foi marcado, no Brasil e no mundo, pelo surpreendente desempenho dos mercados de ações, que se recuperaram fortemente do baque da pandemia. A ponto de as bolsas americanas atingirem recordes de pontuação a partir do meio do ano. Até o Ibovespa bateu novos recordes históricos intradia nos dois últimos pregões de 2020, nesta terça e quarta-feira. O motivo principal para esses resultados surpreendentes foi o excesso de liquidez concedido por governos pelo mundo, por meio de políticas fiscais e monetárias agressivas para combater os impactos da Covid-19, que incluíram juros básicos negativos.

    Nesse cenário, muitas empresas correram para as bolsas como forma de financiar as suas atividades, em vez de optarem por dinheiro vindo de bancos e de outras fontes. Depois de uma interrupção completa dos mercados logo depois da eclosão da pandemia, o número de IPOs (ofertas públicas iniciais de ações) explodiu pelo mundo. As empresas levantaram 300 bilhões de dólares, segundo a empresa de dados Refinitiv. Foi o melhor ano da história, exceto por 2007.

    Os EUA registraram o recorde de 159 bilhões de dólares num ano. Os destaques foram empresas de tecnologia muito esperadas pelos investidores, como a Airbnb, a DoorDash, a Snowflake e a Unity Software. A China puxou os mercados asiáticos, que levantaram 73,4 bilhões de dólares. O resultado do continente teria ultrapassado os 100 bilhões se o Ant Group, do bilionário Jack Ma, não tivesse sido impedido de fazer a sua operação por agentes regulatórios chineses. Este seria o maior IPO da história, estimado em 37 bilhões. Sem o Ant Group, a maior abertura de 2020 ficou com os 4,4 bilhões da Beijing-Shanghai High Speed Railway, e não com a Airbnb, como muitos esperavam.

    A grande decepção foi a Europa. As emissões no Velho Continente caíram 10% em relação a 2019, e movimentaram 20,3 bilhões. Dessa forma, a B3 sozinha registrou um resultado melhor do que todas as tradicionais bolsas europeias juntas. Segundo levantamento da Economática para VEJA, as 28 empresas que abriram capital no Brasil em 2020 detinham, em moeda americana, o valor de mercado de 37,6 bilhões de dólares somados do dia que abriram seus capitais na B3. É um grande sinal da maturidade do mercado nacional.

    O valor é ainda mais impressionante porque — devido ao impacto na economia no primeiro semestre, o pouco tempo de janela de oportunidades no segundo semestre e o excesso de ofertas em alguns setores como o de incorporadoras imobiliárias –, houve 25 IPOs cancelados em 2020. O último deles foi o da Prima Foods, produtora de carne de João Batista Júnior, irmão mais velho dos controladores da JBS. A empresa interrompeu o seu processo na segunda-feira, 28. Grande parte dessas aberturas deve ficar para 2021. Analistas acreditam que cerca de 40 IPOs podem acontecer no Brasil no próximo ano.

    Toda essa efervescência pelas bolsas do planeta ajudaram os bancos de investimentos a receber 124,5 bilhões de dólares em taxas e comissões em 2020, segundo outro levantamento da Refinitiv e divulgado pelo jornal britânico Financial Times. As emissões de ações não são a única forma de as empresas se financiarem no mercado. Pelo mundo, elas levantaram impressionantes 5 trilhões de dólares em títulos, um recorde absoluto e que dificilmente será batido tão cedo.

     

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