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Bolsonaro libera R$ 2,5 bi para país entrar em consórcio global de vacina

Brasil faz uma espécie de seguro com um portfólio de nove vacinas contra o coronavírus; ideia é garantir que pelo menos 10% da população seja imunizada

Por Josette Goulart Atualizado em 25 set 2020, 07h35 - Publicado em 25 set 2020, 01h08
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  • O presidente Jair Bolsonaro assinou, na noite de quinta-feira, 24, duas medidas provisórias para que o Brasil possa aderir à aliança global de vacinas, Covax Facility. Em uma das medidas, o governo dá detalhes sobre a participação no acordo e, na outra MP, libera um crédito de 2,5 bilhões de reais para a participação no acordo. Com isso, o Brasil passa a ter a possibilidade de comprar nove diferentes vacinas que fazem parte hoje do portfólio da aliança global, capitaneada pela Organização Mundial da Saúde e administrada pela fundação Gavi (criada pela Fundação Bill e Melinda Gates). Segundo informações da Gavi, mais de 150 países já aderiram ao acordo global, representando cerca de dois terços da população mundial. Na lista divulgada pela fundação, até agora, estão de fora os Estados Unidos, a China e a Rússia.

    Com a entrada na aliança, o governo brasileiro faz uma espécie de seguro caso as vacinas que o Brasil já possui acordo de compra não se mostrem eficazes. Há cerca de duas semanas, os testes da vacina da AstraZeneca em parceira com a Universidade de Oxford foram paralisados depois que um paciente apresentou efeitos colaterais. Em menos de sete dias, os testes foram retomados, menos nos Estados Unidos, onde o FDA (a agência de saúde americana) proibiu a continuidade dos testes. O jornal The New York Times mostrou, no fim de semana, que um outro paciente também teve sintomas graves com a vacina da AstraZeneca, mas não se sabe se foi mesmo por conta da imunizante ou se por alguma condição pré-existente.

    A outra vacina que o Brasil já tem acordo de compra é do governo de São Paulo com a CoronaVac, que será produzida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Nesta semana, o governador João Doria disse que pretende vacinar todos os paulistanos até dezembro e se gabou que os testes da CoronaVac mostraram efeitos colaterais apenas leves. De qualquer forma, a empresa chinesa ainda não terminou os testes.

    Até agora, o governo federal não liberou oficialmente recursos para comprar a vacina chinesa em parceira com o governo de São Paulo. Há cerca de um mês, o governo liberou R$ 1,5 bilhão para a compra da vacina de Oxford, que está sendo feita em parceria com a Fiocruz. No caso da Covax, o governo brasileiro divulgou que espera poder comprar vacina suficiente para imunizar até 10% da população. Pelas regras da Covax, pelo menos 20% da população dos países participantes serão imunizados, a não ser que o país peça um porcentual menor. Cerca de 90 países de média e baixa renda terão as vacinas subsidiadas e outros 60 países pagarão um valor completo. Até segunda-feira, segundo informações da Gavi, governos, fabricantes, organizações e pessoas físicas tinham se comprometido a investir US$ 1,4 bilhão na pesquisa das vacinas. Mas eles precisam de mais US$ 800 milhões para incrementar o portfólio e outros US$ 300 milhões para financiar o estudo Solidariedade, da OMS. A fundação também arrecadou cerca de US$ 700 milhões em doações, mas longe dos US$ 2 bilhões que tinha como meta até o fim de 2020. Os países mais ricos têm até o dia 09 de outubro para fazer um pagamento adiantado e assim fazer a reserva de doses de vacina.

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