O Banco Central Europeu se antecipou ao Fed e iniciou o ciclo de corte de juros na zona do Euro nesta quinta-feira. A taxa básica foi reduzida em 0,25 ponto percentual, para 3,75% ao ano, em linha com as expectativas. A inflação do bloco está em 2,4% em 12 meses, perto da meta de 2% ao ano.
A taxa básica da região foi elevada à máxima histórica de 4% ao ano para conter a inflação causada pelo pós-pandemia e pela disparada dos preços de energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia. No comunicado sobre a decisão, o BC afirma que as perspectivas de inflação melhoraram “sensivelmente”.
Com o corte, o que o BCE sinaliza para investidores é que o caminho para a meta já está traçado e, tudo mais constante, é possível aliviar o torniquete que diminui a capacidade de a economia crescer. Ainda assim, investidores estão mais cautelosos com a continuidade das quedas, e em geral apostam em apenas mais uma redução ainda neste ano. A revisão dessas apostas dependerá da entrevista coletiva da presidente do BCE, Christine Lagarde.
Enquanto isso, os dados fracos de emprego nos Estados Unidos levam as bolsas para máximas históricas. Os números mais fracos ajudam nas apostas de corte de juros, ainda que apenas a partir de setembro.
Essa disparidade de decisões e o conservadorismo do Fed têm feito o dólar se valorizar ante as demais moedas. Novo repique pode esperado para hoje, após o BCE, ainda que investidores tendam a antecipar decisões dadas como certas.
E o Brasil pode continuar a sofrendo por tabela. O dólar bateu os 5,30 reais ontem e o Ibovespa voltou a cair, ignorando o cenário internacional mais positivo. A agenda econômica tem a divulgação dos dados da balança comercial de maio, que poderia trazer algum indicativo para o dólar, se a valorização estivesse baseada em fundamentos mais concretos.
Acontece que, para além do exterior, a taxa de câmbio vem sofrendo com incertezas domésticas, que incluem o medo de investidores de um repique na inflação por maior leniência do governo com as contas públicas.
Nisso, as palestras que Roberto Campos Neto, presidente do BC, e Gabriel Galípolo, devem ser acompanhadas de perto durante o dia.
Agenda do dia
9h: Campos Neto palestra em evento da Anbima e da B3
9h15: BCE divulga decisão de taxa de juros; Lagarde comenta decisão às 9h45
9h30: EUA publicam pedidos de auxílio-desemprego
9h30: Balança comercial dos EUA de abril
12h: Gabriel Galípolo palestra na Olimpíada Brasileira de Economia em SP
15h: MDIC divulga balança comercial de maio
19h30: Campos Neto fala na comemoração dos 35 anos do Sicoob ES, em Vitória
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