O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) decidiu cortar a taxa de juros da economia americana. Foi a primeira redução da década na taxa. Nesta quarta-feira, 31, entidade fixou o índice num intervalo entre 2% e 2,25% ao ano. Anteriormente, o intervalo era de 2,25% a 2,5%.
A última vez em que a entidade tinha descido juros foi em dezembro de 2008, durante a crise financeira mundial, quando a instituição reduziu a taxa para um intervalo entre 0% e 0,25%. Os juros permaneceram nulos até o final de 2015, durante um período de sete anos.
Em comunicado divulgado na tarde desta quarta, o Fed disse que decidiu cortar os juros “em face das implicações de desdobramentos globais para a perspectiva econômica, bem como pressões inflacionárias fracas”. Segundo a entidade, apesar de os gastos das famílias terem aumentado em 2019 nos EUA, o crescimento do investimento não acompanhou esse patamar. No comunicado, o Fed indicou que pode continuar a diminuir a taxa, dizendo que “agirá como apropriado para sustentar a expansão”.
Entre as consequências do corte para o Brasil, Fernando Gonçalves, superintendente de pesquisa econômica do Itaú Unibanco, enxerga “a valorização do real frente ao dólar”. Além disso, para ele, a redução pode impactar na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) que anuncia a decisão sobre a Selic, taxa básica de juros da economia, ainda nesta quarta-feira. A expectativa por aqui também é corte.
A decisão do Fed era esperada pelos mercado acionários mundo afora. Logo após a divulgação do comunicado, o Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, suavizou a queda e passou a operar negativo em 0,49% a 102.424 pontos. No início da tarde, chegou a cair 1,06%. Já o dólar opera em queda de 0,7%, sendo negociado a 3,76 reais. Antes do anuncio, a queda era maior, de 1%.
O corte na taxa de juros na economia americana é abertamente defendido pelo presidente Donald Trump. Nos últimos meses, o republicano atacou diversas vezes Jerome Powell, comandante do Fed, dizendo que ele fazia um “trabalho ruim” e cobrando rapidez na queda dos juros.
Para André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton, o corte entra em um contexto de desaceleração da economia global. E por isso, “existe uma leitura do Fed em que os Estados Unidos podem estar mostrando sinais de desaceleração e até uma futura recessão “, analisa ele.
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O jornalista Thomas Traumann analisa as semelhanças no estilo dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro. E como a economia mostra que isso pode ser um problema.