Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Bancos temem calote de R$ 2,5 bi na devolução de Viracopos

Em março, o consórcio do aeroporto de Campinas devia R$ 1,68 bilhão ao banco de fomento por meio de empréstimos diretos

Por Da redação
Atualizado em 7 ago 2017, 07h46 - Publicado em 7 ago 2017, 07h39
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Bancos que financiaram a expansão do aeroporto de Viracopos temem um prejuízo de R$ 2,53 bilhões, depois que o consórcio do terminal, em meio à crise, devolveu a concessão. Maior credor com mais de R$ 2 bilhões, o BNDES diz que “avaliará as medidas cabíveis para assegurar seus interesses no momento oportuno”.

    Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast mostra que, em março, o consórcio do aeroporto de Campinas (UTC, Triunfo, Egis e Infraero) devia R$ 1,68 bilhão ao banco de fomento por meio de empréstimos diretos e R$ 476 milhões em títulos de dívida, as chamadas debêntures. Ao todo, são R$ 2,16 bilhões devidos ao banco. Outras instituições também têm R$ 423 milhões a receber. Desse valor, Itaú BBA responde por R$ 146,3 milhões, Bradesco e Banco do Brasil têm, cada, R$ 131,4 milhões e o antigo Banco Espírito Santo – atualmente Haitong – possui R$ 14,9 milhões. Esses créditos têm origem no BNDES, mas foram repassados por essas instituições que, por isso, carregam o risco da operação.

    Para os credores, geram especial preocupação as indefinições sobre quais pagamentos serão priorizados, ou como a concessionária será indenizada pelos investimentos já realizados.

    Atualmente, os débitos financeiros estão sendo pagos em dia e o aeroporto informa em nota que “não existe previsão de interrupção”. Mas a concessionária já deixou de cumprir obrigações com o governo e, para receber parcela de R$ 173,8 milhões referente à outorga, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) teve de acionar o seguro-garantia.

    A agência reguladora informou ainda que a taxa de outorga de 2017 não foi paga e, por isso, foi aberto um processo de cobrança no último dia 11. Desde maio, está em cobrança também a parcela de outorga variável, calculada sobre as receitas da concessão. Há ainda obras em atraso no terminal de passageiros e no pátio de aeronaves.

    Continua após a publicidade

    A inadimplência da concessionária estava num ponto tal que a agência poderia abrir um processo de caducidade (cassação) da concessão. O anúncio da devolução, feito no dia 28 de julho, interrompeu esse processo. Agora, a concessionária continuará administrando o aeroporto numa espécie de “operação padrão”, sem precisar realizar os investimentos ou pagar taxas de outorgas devidos após a devolução. Mas o estoque anterior continuará a ser cobrado.

    As dificuldades da concessionária já estavam evidentes ao final do primeiro trimestre. No relatório de auditoria referente a esse período, a consultoria Ernst & Young já falava na perspectiva de renegociação da dívida com os bancos.

    Dúvidas

    A grande dúvida dos bancos está na falta de clareza sobre como se dará a devolução do terminal e o novo leilão. Numa lei aprovada em junho passado, foi aberta a possibilidade de devolução da concessão. Mas a lei ainda precisa ser regulamentada. E o detalhamento sobre como se dará o processo ainda está em estudo.

    Em nota, Viracopos informou que o “pagamento da dívida será tratado no bojo da indenização (como desconto) à que a concessionária terá direito”. Mas o consórcio não tem certeza sobre o processo. “Como a Lei 13.448 ainda não foi regulamentada, será preciso aguardar pela definição dos critérios de cálculo da mesma”, informou a concessionária, ao citar a indenização e respectivos descontos.

    Continua após a publicidade

    A concessionária informou que investiu R$ 3 bilhões no aeroporto e que, portanto, tem esse valor a receber. Segundo fontes de mercado, porém, não está definido se a indenização será calculada com base no que foi efetivamente gasto ou com base no valor econômico das melhorias realizadas. O cálculo da indenização é a principal dúvida em todo o processo.

    Outra questão é quem ressarcirá os antigos concessionários. Em tese, seria o governo. Mas, como não há caixa, é bastante provável que a conta seja repassada ao novo concessionário, que assumiria os pagamentos como parte da outorga. Esse é outro ponto de atenção dos credores. Isso porque eles têm a opção de continuar na operação.

    No mercado, a avaliação é que, ao ser relicitado, o aeroporto será um negócio melhor do que é hoje. Ao fazer a relicitação, o governo precisará reestudar as condições da concessão do aeroporto. Portanto, as premissas da concessão serão ajustadas ao atual quadro econômico, bem pior do que o da época da concessão. Outra vantagem é que os investimentos mais pesados já foram realizados.

    Procurado, o BNDES informou ainda que não pode dar detalhes sobre a situação de clientes específicos. Itaú BBA, Bradesco e Banco do Brasil afirmaram que não se pronunciarão sobre o caso. Já o banco Haitong não respondeu o pedido de esclarecimento da reportagem.

    (com Estadão Conteúdo)

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.