A vitória de Jair Bolsonaro (PSL) na eleição presidencial consolidou no mercado a recomendação de que o momento ficou propício para investimentos em renda variável, como ações. Bancos e corretoras, como Itaú e XP, enviaram análises para seus clientes com análises sobre como ficaria o cenário após as eleições.
“Vemos a bolsa como o melhor ativo para se beneficiar de uma melhora de sentimento e retomada de atividade no Brasil, negociando a múltiplos atrativos e com posicionamento favorável. Acreditamos que o mercado deva dar o benefício da dúvida para Bolsonaro, antevendo um governo reformista e liberal”, diz relatório assinado pelo estrategista de Bolsa da XP Investimentos, Karel Luketic.
Essa foi a mesma recomendação feita pelo Itaú em e-mail para os clientes Uniclass. “Diante desse cenário, é o momento de priorizar investimentos em bolsa. Além da confiança na economia, nossos analistas projetam um bom desempenho do mercado de ações local”, afirma a correspondência.
De acordo com análise da XP, o Ibovespa, principal indicador da bolsa paulista, pode alcançar de 90 a 100 mil pontos até o fim do ano. Ele fechou em alta de 3,7%, a 86.885 pontos nesta terça-feira. Para 2019, a expectativa é que o indicador bata nos 125 mil pontos.
Entre os papéis que mais devem se valorizar, segundo a XP, são os os de empresas de varejo, aviação, bancos, locadoras. Ações de estatais (Banco do Brasil, Petrobras, Cemig) e de empresas exportadores (Vale e Suzano)) também devem ter ganhos.
A previsão da XP se justifica em alguns fatores, como agenda econômica desburocratizante do novo governo e ociosidade da indústria, que permitirá que a retomada do crescimento não pressione os custos de produção. “À medida que a confiança dos investidores seja retomada, as empresas poderão ampliar suas receitas em proporção maior que o aumento de custos, expandindo os lucros e trazendo valorização às ações.”
No entanto, o relatório da XP alerta que um dos pilares da projeção favorável é a expectativa de aprovação da reforma da Previdência. “Se nada for feito, em 2030 a despesa com previdência chegará a 70% do orçamento federal, o que é insustentável. Assim como acontece em alguns Estados, poderá faltar dinheiro para serviços básicos, haveria queda na confiança, no investimento e aumento do desemprego, revertendo o ciclo de melhora econômica visto desde o final de 2016.”