O Banco Mundial afirmou nesta quinta-feira, 19, que a rapidez e intensidade com que países emergentes e em desenvolvimento estão se endividando é maior do que em qualquer outro período dos últimos 50 anos. Essa onda de dívidas, alerta o banco, pode causar outra crise. “O tamanho, a velocidade e a amplitude da última onda de endividamento devem preocupar todos nós”, disse o presidente da instituição, David Malpass, em comunicado.
De acordo com um relatório, que analisa quatro explosões de endividamento em 100 países entre 1970 e 2018, o atual déficit pode ser mais prejudicial do que em outras ocasiões. Além de ocorrer em um momento de lento crescimento econômico, as dívidas também atingiriam empresas privadas e governos.
O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertam há anos sobre a crescente dívida mundial, mas o último relatório é ainda mais duro e insistente sobre a necessidade de que os governos ajam para evitar uma crise. Segundo o FMI, a dívida global chegou a 188 trilhões de dólares no final de 2018, o equivalente a quase 230% da economia mundial.
“Claramente, é hora de corrigir a trajetória”, acrescentou Malpass.
Países submergentes
O relatório do Banco Mundial destaca o “chamativo” crescimento da dívida nas economias emergentes e em desenvolvimento, que é “maior, mais rápido e mais amplo” nesses países nos últimos 50 anos.
Após uma queda durante a crise financeira mundial de 2008, a dívida nesses países alcançou seu máximo histórico de 170% do PIB, ou quase 55 trilhões de dólares em apenas oito anos desde 2010, aproveitando juros muito baixos.
A China é um dos países onde a dívida mais cresceu, superando os 20 trilhões de dólares. Por outro lado, Pequim também se tornou um importante credor para países de receitas mais baixas.
Além disso, o relatório indica que a atual onda de endividamento “poderá seguir o padrão histórico e provocar crises financeiras nessas economias”, sobretudo, se as taxas de juros atingirem seu máximo, ou se houver um repentino choque mundial.
Segundo o Banco Mundial, uma melhor gestão da dívida, uma arrecadação fiscal mais eficaz, taxas de câmbio flexíveis e regras fiscais mais estritas podem ajudar a evitar uma crise, ou a diminuir seu impacto, se isso acontecer.
(Com AFP)