O Banco Central Europeu (BCE) aumentou nesta quinta-feira, 8, as três principais taxas de juros do bloco e afirmou que haverá mais altas diante de uma inflação persistente e muito acima da meta de 2%. De acordo com Christine Lagarde, presidente do BCE, a intensidade das futuras altas dependerá da divulgação dos próximos índices. Lagarde afirmou ainda que há expectativa de inflação de 8,1% em 2022, 5,5% em 2023 e 2,3% em 2024, e que espera estagnação econômica no bloco até o primeiro trimestre de 2023.
Em decisão inédita, os juros de depósito subiram de zero para 0,75%, acima da estimativa de 0,5% dos analistas da agência Bloomberg. A alta reflete uma importante virada no bloco europeu após oito anos de taxas de juros negativas mantidas para tirar o bloco da recessão. Em julho, o BCE elevou a taxa a zero.
Já a taxa de juros básica do bloco, o principal índice usado para os refinanciamentos, subiu de 0,50% para 1,25%, atendendo à expectativa dos economistas da Bloomberg. É o maior índice desde 2011. A taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez, por sua vez, aplicada nos empréstimos que os bancos contraem do BCE, subiu de 0,75% para 1,5%.
Em pronunciamento, a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que “a inflação se mantém muito alta e acima da nossa meta por um período extensivo”, e assim deve se manter por algum tempo. Em agosto, a inflação anualizada foi de 9,1%. Entre os principais itens pressionados estão alimentos e energia, que sofrem com o desequilíbrio entre a demanda e a oferta e também com os efeitos da guerra da Rússia com a Ucrânia, tendo o gás natural como o principal item pressionado.
“O BCE agora luta por ter sido um dos Bancos Centrais mais relutantes em dar início ao ciclo de alta dos juros”, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. “Em nossa visão, com esse cenário de forte elevação dos juros e crise energética, a possibilidade de uma recessão na Zona do Euro não é descartada”, diz ele.