O rombo das transações correntes brasileiras, resultado de todas as trocas do país com o resto do mundo em bens, serviços e rendas, mais que dobrou neste ano, chegando a 30,4 bilhões de dólares no acumulado até agosto. É um aumento de 125% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o saldo desta parte das contas externas ficou negativo em 13,5 bilhões de dólares.
Por outro lado, as entradas de capital por meio de investimentos estrangeiros diretos no país cresceram 14%, de 44,8 bilhões de dólares entre janeiro e agosto de 2023 para 51,2 bilhões até aqui em 2024. É um volume que representa 3,5% do PIB e segue cobrindo com folga o déficit externo (2,1% do PIB), ajudando a garantir o equilíbrio das contas internacionais do país. Os resultados do balanço de pagamentos de agosto foram divulgados nesta quarta-feira, 25, pelo Banco Central.
“Os dados continuam mostrando conta corrente mais pressionada do que no último ano, especialmente em função da perda de dinamismo da balança comercial e aumento do
déficit de serviços”, escreveu a economista do banco Itaú, Julia Gottlieb, em relatório a clientes. “Ainda assim, o financiamento externo segue em patamar historicamente confortável, com IDP [Investimento Direto no País] cobrindo mais do que integralmente o déficit em conta corrente.”
As reservas internacionais do país também cresceram e somaram 369,2 bilhões de dólares em agosto, um aumento de 7%, ou 25 bilhões mais que em agosto do ano passado (344,2 bilhões de dólares).
As transações correntes levam em consideração, além das exportações e importações, também o que o país transaciona com o resto do mundo em serviços, como viagens e pagamento de royalties, por exemplo, e rendas, que incluem pagamentos de salários, lucros, juros e outras remessas entre fronteiras. Sempre que as saídas superam as entradas, há déficit.
O saldo da balança comercial, que considera as diferenças entre as exportações e as importações, caiu de 58,6 bilhões de dólares para 48,4 bilhões de dólares entre 2023 e 2024, considerado o acumulado de janeiro a agosto, retração de 17%. As exportações estão estáveis, em 229 bilhões de dólares, mas as importações avançam 7% neste ano, para 180 bilhões de dólares, resultado da atividade e consumo internos mais fortes. Já o déficit externo na conta dos serviços subiu 25%, para 31,6 bilhões de dólares entre janeiro e agosto deste ano.