A bolsa de valores fechou a sexta-feira com forte queda, pressionada pela aversão global a riscos após o agravamento da tensão econômica na Turquia. O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa, encerrou o dia com uma queda de 2,86%, a 76.514,35 pontos.
Para se proteger, o investidor tirou seu dinheiro da bolsa e buscou proteção no dólar. Por isso, a moeda americana subiu 1,59%, a 3,8640 reais – na máxima do dia, chegou a bater 3,8728 reais. O economista-chefe do Banco Safra, Carlos Cawall, diz que o real não foi a única moeda a se desvalorizar. “Foi um movimento global de corrida ao dólar. A lira turca perdeu 13,4%, acumulando uma desvalorização de 40% no ano. Com isso, a lira turca ultrapassou o peso argentino, que era a moeda que mais vinha se desvalorizando frente ao dólar, que perdeu 36% no ano.” No ano, segundo ele, o real acumula uma queda de 14% frente à moeda americana.
Com a queda de hoje, a bolsa brasileira praticamente zerou os ganhos do ano. “A bolsa tinha tido uma boa recuperação, mas o ganho está em torno de zero agora”, afirma Cawall.
Para o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, o cenário eleitoral também tem peso sobre o desempenho do mercado financeiro desta sexta-feira. “O debate de ontem foi muito morno, nenhum candidato mostrou a cara e a que veio.”
Segundo ele, a expectativa em relação à divulgação de novas pesquisas eleitorais também leva o investidor a se proteger. “O momento é de incerteza, então o investidor prefere opções menos arriscadas para evitar surpresas desagradáveis.”
Turquia
O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, prometeu nesta sexta-feira defender o país de ataques econômicos e disse que aumentar a produção, as exportações e o emprego é a melhor resposta aos desafios vividos pelo país.
Ele disse que a Turquia está enfrentando uma volatilidade financeira artificial, mas que os que se animam com as taxas de juros e os preços da moeda estrangeira não vencerão.
Erdogan pediu aos turcos que troquem ouro e divisas pela lira para defender a moeda no que chamou de “batalha nacional”, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que a relação de seu país com os turcos “não está boa neste momento” e que autorizou tarifas mais altas sobre as importações da Turquia.
(Com Reuters)