A agência de viagens digital 123milhas está em meio a um furacão após a suspensão das passagens aéreas promocionais. Na última terça-feira, 29, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial na 1ª Vara Empresarial da Justiça de Minas Gerais. A companhia apresentou o pedido com tutela de urgência e por 180 dias para tentar proteção contra todas as execuções de débitos contra a companhia, incluindo medidas adotadas por órgãos de defesa do consumidor. Na ação, a empresa relata dívidas de 2,3 bilhões de reais.
No último dia 18, a companhia aérea anunciou a suspensão da venda das chamadas Passagens Promo, modalidade em que o cliente escolhia um período para viagem, porém o bilhete seria emitido de fato apenas dez dias antes da viagem, podendo ter a data de embarque em um dia antes — ou um dia depois — da preferência do cliente.
Na petição de RJ, a 123milhas diz que o produto corresponde a apenas 5% do total de clientes, ou 250 mil de um universo de 5 milhões atendidos ao ano. Porém, o grupo reconhece que a suspensão das vendas do produto Promo123 acarretou “quebra de confiança dos agentes de mercado, vencimento antecipado de contratos, escassez de créditos”, além de “corrida de credores” ao Judiciário, colocando em risco o caixa das empresas. Na ação, a defesa alega que, apenas em Belo Horizonte, onde a empresa tem sede, são ajuizadas, em média, quatro ações por hora contra a plataforma. No anúncio da suspensão dos pacotes promocionais, o estopim da crise, a 123milhas ofereceu vouchers com o valor pago pelo cliente — e uma correção monetária –, porém desde segunda-feira, quando protocolou o pedido de RJ, a companhia informa em seu site que não emitirá os vouchers. “Enquanto estiver em tramitação o processo de Recuperação Judicial, seu voucher não poderá ser solicitado”.
O pedido de recuperação judicial envolve a Novum, holding da 123milhas, a própria 123milhas agência online e a HotMilhas, braço de compra de milhas de terceiros para a emissão dos bilhetes no site da 123. Os advogados destacam os postos de trabalho gerados pelas duas empresas – 123milhas e HotMilhas, 427, no total —, além de “centenas de empregos indiretos”.
Segundo a petição, a 123milhas afirma à Justiça que outro fator que levou à crise foi a alta dos preços das passagens cobrados pelas companhias aéreas. A 123milhas declara que, com a retomada das atividades no pós-pandemia, ela esperava a queda dos preços, porém o movimento foi oposto.