Os cidadãos do Reino Unido vêm assistindo há mais de um ano a libra esterlina se desvalorizar fortemente em relação ao dólar, diante de uma inflação persistente em solo britânico. O poder aquisitivo dos cidadãos ingleses, assim como dos europeus em geral, da zona do euro, veio derretendo sob uma alta de preços principalmente de energia, agravada pelo corte no fornecimento de gás natural pela Rússia ao bloco europeu. Nesta quinta-feira, 8, o futuro dos ingleses se tornou ainda mais incerto, após o falecimento da rainha Elizabeth II, conhecida como a monarca mais longeva da história.
O contexto já bastante desafiador desde o Brexit e da Covid-19 se acentuou nos últimos dias. Na quarta-feira, 7, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que irá estender a interrupção no fornecimento e ainda suspender o fornecimento de petróleo e refinados caso o Ocidente prossiga com a ideia de fixar um teto para o preço do petróleo russo. Após a declaração, a moeda inglesa, tradicionalmente uma das fortes do planeta, atingiu o menor valor em relação ao dólar em quase 40 anos.
As consequências para este quadro não são boas para a moeda inglesa, que na tarde desta quinta-feira, 8, caiu 0,25%, para 1,1504 dólar e nos últimos 12 meses acumula uma queda de 16,4% em relação à moeda americana. A taxa de juros do país, por sua vez, segue em ritmo de expansão para conter a inflação. Ela deixou o patamar de 0,1% em dezembro do ano passado e atingiu 1,75% depois de sucessivas altas de 0,25 ponto percentual feitas pelo Banco Central da Inglaterra e de uma subida mais abrupta de 0,5 ponto percentual na última decisão publicada em agosto.
Além da questão energética, pesa sobre o Reino Unido as incertezas políticas em relação à recém empossada primeira-ministra, Liz Truss, a 15ª e última do reinado de Elizabeth II. “Ela é uma conservadora que, assim que assumiu o governo, já prometeu um pacote fiscal de 150 bilhões de libras para amortecer o impacto da alta do preço de energia. Se não for bem desenhado, um pacote de política fiscal expansionista pode agravar o problema inflacionário”, diz Alejandro Ortiz, analista da Guide Investimentos. Agora os cidadãos ingleses torcem para que as novas cédulas de libra esterlina, um orgulho do país e que carregarão o rosto do novo rei Charles III, possa voltar a ter tanta força quanto ao da era da falecida rainha.