O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, deve continuar no ciclo de cortes de juros iniciado nesta quarta-feira, 18, com a redução de 0,50 ponto percentual (pp). A magnitude dos próximos passos, porém, está sob dúvida e dependerá exclusivamente do cenário mostrado pelos próximos dados do mercado de trabalho e da inflação no país. Essa é a principal mensagem trazida pelo presidente do Fed, Jerome Powell, durante sua fala após a publicação da decisão da autoridade.
“Nós tomamos nossas decisões a cada reunião, avaliando o balanço de riscos. É um processo que estamos calibrando”, afirmou Powell, durante a coletiva de imprensa. “A política monetária vai continuar focada em perseguir o máximo emprego possível com controle inflacionário.”
O dirigente foi bastante claro em não se comprometer com novos cortes da mesma magnitude, dizendo que o passo dado hoje foi bastante significativo, mas que não representa a decisão que será tomada nas próximas reuniões, em novembro e dezembro. Segundo Powell, a política monetária americana poderá “ir mais devagar, ir mais rápida ou ser pausada”. O que resta aos investidores, agora, é monitorar não apenas a evolução dos dados de inflação, que vêm mostrando um comportamento benigno e controlado, mas sobretudo o mercado de trabalho, que segue em enfraquecimento, mas ainda distante de um cenário de recessão.
“Powell afirmou que o desemprego foi um grande motivador do corte e do tamanho e afirmou também que, se soubesse dos dados de emprego de julho, talvez teria começado o corte antes, o que justifica fazer uma dupla redução no dia de hoje”, afirma Gustavo Zuquim, portfólio manager do Andbank. “Porém, ele reforçou que não devemos esperar que cortes de 50 pontos-base [0,50 pp] seja o ritmo que será seguido.”
No momento da decisão, ativos de maior risco chegaram a responder com bom humor, com alta das bolsas. Com os comentários do presidente do Fed sobre um futuro ainda incerto para a política monetária, porém, o movimento perdeu força. De todo modo, o corte consolidado hoje tem força para impulsionar um fluxo adicional de recursos estrangeiros para bolsas emergentes, caso do Brasil, com possíveis efeitos tanto no câmbio, quanto para as ações de maior peso da bolsa.
“Na minha visão, um corte de 0,50 ponto percentual pode ser excelente para o fluxo do investidor estrangeiro para países emergentes que estão apresentando bom crescimento, e o Brasil é um dos destinos desses recursos”, diz Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.