A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou nesta quarta-feira a empresa Norwegian Air a operar voos internacionais no Brasil. A companhia é a terceira maior empresa aérea de baixo custo (low coast) da Europa.
Com a aprovação, a empresa pode registrar suas rotas e iniciar a venda de passagens aéreas — os preços ainda não foram definidos. A expectativa é de que as primeiras rotas tenham origem em Londres, na Inglaterra, até São Paulo e Rio de Janeiro.
“Estamos vendo o Brasil como um mercado muito interessante, especialmente de Londres, onde os preços estão altos e há pouca concorrência, por isso acreditamos que é um mercado com grande potencial”, afirmou o porta-voz da Norwegian, Lasse Sandaker-Nielsen, após solicitação da aérea para voar no país.
O professor de finanças do Ibmec, Giacomo Diniz, explica a diferença entre uma low cost e as demais companhias. “Na década de 40 e 50, viajar de avião era um luxo para poucos. Essa estrutura de custos elevado era repassada para o preço. No universo da low cost, o atendimento é padronizado, não há diferença de classe [executiva ou econômica, por exemplo] e os serviços são simplificados. Paralelamente, as empresas usam aeroportos secundários e normalmente pagam um salário menor aos funcionários”.
Segundo ele, o “custo Brasil” não deve pressionar para cima o valor das passagens aéreas da Norwegian Air. “Se viram a oportunidade de mercado, devem ter feito todas as contas para conseguir oferecer um preço competitivo”.
Apesar de ser a única estrangeira de baixo custo a conseguir a autorização para voar no país, a Norwegian não é a primeira a se interessar pela operação. Em julho do ano passado, a argentina Flybondi deu início ao processo para ganhar a aprovação da Anac — se cumprir o prazo, a companhia deve começar a operar em 2019.
Na América Latina, a Norwegian também possui operações na Argentina. A decisão da Anac foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).
Preços altos
A entrada da Norwegian Air no mercado brasileiro deve acirrar a concorrência entre as companhias aéreas que operam no país.
No ano passado, a estrangeira recebeu — pela quinta vez seguida — o prêmio de melhor aérea de baixo custo da Europa, segundo o Skytrax Awards, considerado o “Oscar da aviação”. Enquanto isso, as passagens aéreas no Brasil acumularam alta de 15,68% nos últimos doze meses, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado nesta quarta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em julho, na comparação com o mês anterior, os preços das passagens aéreas aceleraram 44,51%. Ainda assim, no acumulado do ano, houve uma queda de 5,15%.
Para Diniz, a chegada da Norwegian Air vai incomodar outras empresas aéreas e criar um ajustamento do custo-benefício. “A falta de concorrência faz com que você não se preocupe com a prestação de serviços e cobre preços mais altos. Agora, os concorrentes vão ter que oferecer mais ou baixar seus preços.”
(Com Reuters)