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Alta na Selic deixa financiamento da casa própria mais caro e dívida maior

Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano, sendo a décima primeira alta consecutiva

Por Renan Monteiro Atualizado em 22 jun 2022, 15h13 - Publicado em 22 jun 2022, 11h46
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  • Dentre muitos efeitos, a disparada na taxa de juros atinge em cheio o financiamento imobiliário, sobretudo quem firmou compromisso na compra de imóveis na planta. Os apartamentos e casas na planta, como são chamados, tratam de contrato direto com a construtora até a entrega da moradia, com o financiamento bancário permitindo o pagamento a partir da entrega. Nessa janela de tempo, as mudanças no juros, podem dificultar o pagamento dos contratos, ao deixar as parcelas mais caras.

    Em junho de 2021, a taxa básica de juros estava em 4,25%. Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano, sendo a décima primeira alta consecutiva. Juros mais elevados são empréstimos que ficam mais caros, e um maior desestímulo às compras parceladas. Dessa forma, uma queda nos níveis gerais de consumo é esperada.

    Como os imóveis na planta representam compromissos futuros, uma mudança drástica na taxa de juros altera completamente os planejamentos iniciais. “No momento da assinatura do primeiro contrato, as simulações e projeções do financiamento, a ser obtido futuramente, são calculadas com as condições daquele momento da negociação. São simulados valores de parcelas, prazo de pagamento e qual a renda exigida para a concessão do crédito com base naqueles números, mas o cálculo final vira uma surpresa”, avalia Marcelo Tapai, sócio do Tapai Advogados, especialista em direito imobiliário.

    Na última terça-feira, 21, o Banco Central sinalizou para mais aumentos na taxa de juros, buscando conter os níveis inflacionários no país. Em paralelo, as parcelas das obras imobiliárias são corrigidas pelo Índice Nacional da Construção Civil (INCC), impactado pela inflação. Conforme levantamento mais recente da FGV IBRE, o INCC acumula alta de 5,77% no ano de 2022 e alta 15,44% nos últimos 12 meses. “Tem-se um cenário super desafiador, de um lado como o aumento propriamente dito do saldo devedor em razão do aumento do INCC e, de outro, uma taxa de juros muito maior. Ou seja, o comprador terá de conseguir financiamento mais caro para uma dívida maior”, analisa Marcelo Tapai.

    Quedas 

    Conforme dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o lançamento de imóveis no primeiro trimestre de 2022, em número absolutos, foi de 53.072, diminuição de aproximadamente 2,6% em relação ao mesmo período de 2021. Ao ser comparado com o último trimestre do ano passado – que normalmente é mais alto – a queda foi em mais de 42%. O levantamento, feito nas cinco regiões do país, abarcando 196 cidades, já indica uma tendência de desaceleração nos lançamentos de imóveis. 

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