O setor agropecuário, força motriz do crescimento econômico no ano passado, apresentou sinais de enfraquecimento no último período. No PIB do primeiro trimestre, foi o único setor a registrar queda em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O Produto Interno Bruto (PIB), que engloba todos os bens e serviços produzidos no país, teve um aumento de 0,8%, acumulando um crescimento de 2,5% no primeiro trimestre deste ano, na taxa anualizada. Enquanto a indústria e os serviços cresceram 2,8% e 3%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado, a agropecuária registrou uma retração de 3%.
As condições climáticas, especialmente o fenômeno El Niño, é o responsável pelo impacto do agro, um efeito que deve perdurar durante todo o ano.
No entanto, há um aspecto interessante: o PIB do setor agropecuário brasileiro aumentou 11,3% no primeiro trimestre de 2024 em relação aos últimos três meses de 2023, porém essa alta se deve à safra de milho e soja. Segundo Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, o agro costuma desempenhar bem no primeiro trimestre e o resultado ainda mostra a força do setor. O primeiro trimestre concentra essas duas safras, que são mais relevantes do que as safras características do quarto trimestre, como laranja e trigo.
“Para o segundo trimestre em diante, esperamos um crescimento do PIB menor, mas que deve continuar sendo impulsionada pelo consumo, mercado de trabalho e pelos efeitos desfasados da queda dos juros sobre o mercado de crédito, apesar da Selic terminal ser maior que o esperado anteriormente”, diz Sung. A casa calcula que a tragédia no RS pode ter impacto negativo de 0,2% a 0,3% sobre o PIB, mas irá depender do tamanho dos prejuízos.
É importante ressaltar que, apesar das condições climáticas indicarem um ano desafiador para o setor em 2024, devido ao El Niño, o resultado da agropecuária ainda não foi afetado pela tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul. No entanto, o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE de maio prevê quedas na produção em 2024, com 2,4% de redução na produção de soja e 11,7% de queda na produção de milho.