Os papéis da Petrobras fecharam em alta de 5,80%, a 24,28 reais, em suas ações preferenciais (PETR4), nesta segunda-feira, 19, após o primeiro discurso do novo presidente da estatal, o general Joaquim Silva e Luna. O militar foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro em substituição à Roberto Castello Branco. Já as ações ordinárias (PETR3) fecharam em alta de 4,90%, a 23,79 reais.
O novo executivo recuperou certa confiança do mercado ao defender no discurso a entrega de resultados, o respeito aos acionistas e uma entrega de maior retorno possível ao capital investido. Além disso, defendeu custos baixos e eficiência, segurança aos acionistas e eficiência na gestão do portfólio. O principal ponto que preocupa os investidores, no entanto, é a paridade dos preços nacionais do petróleo cobrado nas refinarias à cotação internacional do petróleo.
A alta dos papéis da Petrobras não foi suficiente para deixar o Ibovespa no positivo, mas amenizou as perdas causadas pelo temor dos investidores com a aprovação de um orçamento fora do teto de gastos. A bolsa brasileira fechou, nesta segunda-feira, 19, no terreno negativo, em baixa de 0,15%, a 120.933,78 pontos.
Apesar de subirem em curva inclinada e refletirem um certo nível de confiança dos investidores na empresa, o valor dos ativos ainda está bastante aquém do patamar “pré-intervenção” do governo. No dia 19 de fevereiro, quando o presidente Jair Bolsonaro anunciou a troca após o fechamento dos mercados, as ações encerraram o pregão em 27,33 reais (PETR4) e 27,10 (PETR3), o que exigiria altas respectivas de 12,5% e de 13,9% em relação à precificação de hoje para voltar ao mesmo nível.
“A cotação da Petrobras só se recuperará quando a nova administração realmente mostrar para o mercado com atos que manterá a paridade internacional nos preços dos combustíveis “, diz Octavio Magalhães, diretor de investimentos da gestora Guepardo, que está alocada em papeis da companhia. A gestora acredita que as ações são as mais baratas, em relação às empresas de petróleo de capital aberto do mundo todo.
No ano, o petróleo teve alta de 41,1%, enquanto a gasolina teve alta de 42,7% e o diesel, de 36,3%. Ou seja: os repasses foram feitos para a gasolina após pressão principalmente dos produtores de álcool, mas não foram feitos ao preço do diesel diante da pressão dos caminhoneiros. “O problema está na fala de intervenção nos preços, pois o combustível subiu no mundo todo. Não é culpa da Petrobras, ela tem de seguir sua política de preços de paridade internacional”, diz Magalhães.
No Brasil, o petróleo é pressionado pela alta do preço da commodity no mercado internacional com a reabertura das economias — com subsequente aumento da demanda e das atividades — e também pela cotação do dólar, que hoje encerrou em queda de 0,65%, mas ainda permanece em patamares altos, a 5,5480 reais.