Com bom trânsito entre os parlamentares, o senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) ficou marcado para muitos como o responsável pela concretização de duas das principais reformas estruturantes do país: a da Previdência, da qual foi secretário especial durante o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, e a Trabalhista, aprovada no governo Temer, da qual foi relator na Câmara dos Deputados. Marinho ficou conhecido por centrais sindicais como um grande “carrasco” dos direitos trabalhistas, chegando até a ser perseguido por críticos mais efusivos. Hoje, candidato à presidência do Senado, ele não gosta nem de ouvir falar nas tentativas de ministros do atual governo sobre a revisão dos temas.
Marinho classificou, em entrevista a VEJA, como “grave” a fala do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, de que “não há déficit na Previdência” proferida e ratificada pelo novo ministro na primeira semana de janeiro. “Foi uma afirmação absolutamente irracional”, ataca. Também demonstra profunda insatisfação ao citar um encontro promovido pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, com centrais sindicais. “Nós assistimos o presidente Lula recebendo centrais sindicais dentro do Palácio do Planalto e escutando um discurso de revogação da legislação trabalhista, com todos aplaudindo, quando se defendia um ‘revogaço’ da reforma, da Lei de Liberdade Econômica e da terceirização.”
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende uma ‘modernização’ da reforma Trabalhista, reservando direitos para prestadores de serviços de setores que ganharam maior relevância durante a pandemia de Covid-19 (como motoristas por aplicativos e entregadores). Para o ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro, o governo poderia propor melhorias às reformas aprovadas, mas não simplesmente revertê-las. “Essa atitude me lembra muito, por analogia, o Ministério da Verdade no livro 1984, de George Orwell”, afirma. “A respeito de mudanças na legislação trabalhista: qualquer mudança pode ser bem-vinda, mas não no sentido de retrocesso. Esse governo de esquerda está com uma volúpia muito grande, com uma ânsia de destruir o que foi construído nos últimos anos. A minha candidatura à presidência do Senado é para impedir que esse retrocesso aconteça.”