Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

A importância das reuniões do BC e Fed mesmo com aposta de juros estáveis

Juros baixos incentivam bolsas, mas eleições presidenciais nos EUA e risco fiscal no Brasil dificultam mais pacotes de incentivo às economias

Por Luisa Purchio 16 set 2020, 10h24
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Essa quarta-feira, 16, é considerada pelos mercados uma “super quarta”, ou seja, um dia agitado e cheio de expectativa para os investidores: nesta tarde, o Federal Reserve, o Banco Central americano, divulgará o resultado da reunião do Fomc, e no final do dia será a vez do Banco Central brasileiro anunciar os desdobramentos da reunião do Copom. As instituições responsáveis pela política monetária dos países sempre foram motivo de holofotes para economistas e o mercado financeiro, mas após a pandemia do novo coronavírus elas ganharam ainda mais relevância. O público ficou mais amplo, afinal a Covid-19 desestabilizou as economias em todo o mundo e tudo o que os investidores, amadores e qualificados, mais querem saber é para onde vai a economia para rever as suas estratégias de investimento. A expectativa é que tanto nos EUA como por aqui, as decisões sejam pela manutenção das taxas de juros em patamares baixos. Porém, mesmo com a aposta alta de que nada efetivamente mude em termos de decisão, a expectativa é alta pelos recados a serem dados por essas instituições, que sinalizam a condução da política monetária e a visão para o futuro das economias.

    Por aqui, o Copom deve interromper a sequência de cortes e manter a taxa Selic em 2%, a mínima histórica, e sinalizar para a importância das reformas para controle do ambiente fiscal, um dos grandes desafios brasileiros já antes da pandemia, mas ainda mais necessário com o aumento de gastos devido à crise provocada pela Covid-19. Nos Estados Unidos também é esperada a manutenção da taxa básica de juros do país, que desde março caiu de 1,25% para de 0 a 0,25%. O BC dos EUA já deu indicativos que irá permitir um controle mais relaxado da inflação, em torno de 2%, mas há expectativa com estímulos monetários adicionais e impactos no mercado de trabalho.

    “Além de ter como target a inflação, o Fed vai mirar a questão do desemprego até que ele atinja níveis baixos. Na última reunião, Jerome Powell não falou o que é um nível baixo porque isso depende do mercado do momento, mas obviamente desemprego a 3% deve ser o ideal”, diz Thomás Gibertoni, especialista de investimentos da Portofino. A taxa de desemprego dos EUA em agosto ficou foi de 8,4%.

    Além disso, especialistas esperam que não haja alteração na indicação de compra de ativos pelo Fed, o que deve se manter pelo menos por mais três meses, um pouco depois da aprovação de uma vacina contra a Covid-19, ponto crucial para iniciar a estabilidade econômica no país. Outra questão importante é o alongamento da expectativa da economia até o final de 2023 – na última reunião esses números foram mostrados até o final de 2022. “O Fed divulgará a sua projeção para a economia sobre PIB, inflação e desemprego com base nos estímulos que estão dando agora. Isso é bom porque o mercado se baseia nesses dados para medir a sensibilidade de projeção”, diz Gibertoni, da Portofino.

    Continua após a publicidade

    Apesar de um pacote mais robusto de incentivos à economia americana estar parado no Congresso devido à proximidade das eleições presidenciais e à disputa por popularidade entre republicanos e democratas, a recomendação do Fed de que incentivos devem continuar sendo injetados na economia é importante porque sinaliza para onde irá a moeda americana, bem como a política de juros do país. Assim como aconteceu desde o início da pandemia, essas decisões vêm derretendo o dólar e favorecendo os ativos de renda variável, levando as bolsas a baterem recordes. O índice S&P 500, por exemplo, que reúne os ativos das 500 principais empresas americanas, disparou durante a pandemia, afinal juros baixos incentivam que os investimentos migrem de ativos conservadores, que dão baixo rendimento, para ativos mais ousados.  É verdade que a situação em setembro é um pouco diferente da dos meses anteriores, pois o próprio mercado corrigiu o excesso de valorização de ativos e, em um leve estouro de bolha, o S&P 500 caiu mais de 200 pontos em seis dias, no início de setembro. Ainda assim, enquanto a política monetária continuar a mesma, a tendência é de alta para o mercado financeiro.

    No Brasil, a situação da política monetária é semelhante à americana, com ressalvas às devidas proporções dos países e à preocupação fiscal brasileira. A reunião desta terça-feira deve manter a Selic em 2% e é esperado o reforço sobre as necessidades de reforma para melhora do ambiente. Já em relação à projeção de inflação, os analistas estimam que ela deve vir um pouco mais alta, devido a pressão dos alimentos, mas não um aumento significativo a ponto de aumentar a Selic. Apesar da alta nos itens de cesta básica, os preços se encontram relativamente controlados nos núcleos, ou seja, em áreas menos voláteis como os relacionados a serviços e gastos com educação.

    Assim como nos Estados Unidos, a baixa taxa de juros básicos da economia favorece os ativos de risco no Brasil: em julho, aproximadamente três meses após a drástica queda do Ibovespa, a bolsa de valores de São Paulo recuperou os 100 mil pontos. Por aqui, além da visão do Banco Central e as curvas das taxas de juros (que continuam altas no longo prazo) por aqui pesam os desentendimentos entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente, Jair Bolsonaro. O desalinhamento coloca dúvidas sobre a celeridade na aprovação de reformas e um pacote robusto de aceleração da economia dentro da proposta liberal de Guedes, o que aliviaria o risco fiscal do país. Ainda assim, a manutenção pelo Copom de uma política monetária favorável ao crescimento econômico continuará sendo uma alavanca importante para o Ibovespa, que atrai novos investidores a cada mês. Em agosto, o número de contas abertas aumentou 5% em relação ao mês anterior e 76% em relação a dezembro – um ciclo que deve continuar.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.