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A estratégia de Lula para fortalecer o Mercosul e evitar deserção uruguaia

Para tentar impedir acordo bilateral de Uruguai e China e defender órgãos multilaterais, Lula defende acordo do Mercosul com União Europeia e China

Por Luisa Purchio Atualizado em 26 jan 2023, 21h21 - Publicado em 25 jan 2023, 19h15
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  • Em discurso realizado na tarde desta quarta-feira, 25, em Montevidéu, ao lado do presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, o presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva defendeu a modernização do Mercosul e a priorização do acordo do bloco com a União Europeia e a China. A ideia de Lula, que é favorável aos organismos multilaterais e disse que conta com o Uruguai na “briga por uma nova governança mundial”, é fortalecer o Mercosul e impedir que o Uruguai siga avançando com as negociações bilaterais com a China.

    Isso porque, caso bem sucedido, o acordo entre Uruguai e China enfraqueceria o Mercosul, que tem acordos de Tarifa Externa Comum (TEC) entre seus países-membro. Além disso, há pontos que precisam ser alinhados uma vez que a entrada de produtos chineses no Uruguai com benefícios tarifários permitiria que esses mesmos produtos circulassem entre os países-membro do Mercosul usufruindo dos benefícios comerciais do bloco.

    Lula chamou os pleitos uruguaios de “justos”, afagou o país elogiando o seu churrasco e afirmando que o embaixador brasileiro no Uruguai é um “grande companheiro” e que nos governos anteriores teve uma relação “extraordinária” com o país, inclusive com superávit para o Uruguai na balança comercial entre os dois países de 8,559 bilhões de dólares. Em meio aos elogios, mostrou disposição em contribuir com as demandas comerciais do país.

    “Quero dizer para o presidente que nós estamos totalmente de acordo com as ideias de discutir a chamada inovação ou renovação de Mercosul. Queremos sentar à mesa primeiramente com os nossos técnicos, depois com os nossos ministros e finalmente com os presidentes para que a gente possa renovar aquilo que for necessário renovar”, disse ele, afirmando ainda que “é urgente e necessário que o Mercosul faça o acordo com a União Europeia”, uma ideia que é discutida desde o seu primeiro mandato, em 2003.

    Em relação ao país asiático, Lula afirmou que, “apesar de o Brasil ter na China o seu maior parceiro comercial, e de o Brasil ter um grande superávit com a China, queremos sentar enquanto Mercosul e discutir com os nossos amigos chineses um acordo Mercosul-China”. Nas negociações com a China, o Brasil tem a seu favor o bom relacionamento comercial com o país asiático, grande consumidor de commodities brasileiras principalmente soja, proteína animal e minério de ferro.

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    “Sabemos que o Brasil tem um peso econômico e demográfico muito importante, e eu não tenho problema nenhum em admitir isso frente ao presidente e todos vocês, e o Uruguai vai avançar nas suas negociações com a China como até agora. O Brasil pode paralelamente fazer o seu caminho e após isso vamos compartilhar tudo o que foi negociado e o Uruguai pode se ajustar ao que o Brasil propor, sendo o Brasil que pode dizer o que conseguiu negociar com a China. E, para resumir, o Mercosul que nós queremos precisa ser moderno, flexível e aberto ao mundo”, disse o presidente uruguaio, Lacalle Pou.

    Pou afirmou que ele e Lula poderiam “ter brigado”, mas não fizeram isso, e que, apesar das diferenças, “há boas intenções” e que o Uruguai precisa “se abrir ao mundo e fazer isso junto com Mercosul”. O presidente uruguaio afirmou ainda que vai criar uma “equipe técnica entre Uruguai e Brasil, e outros países que estejam interessados para avaliar o que nós queremos e o que nós precisamos do nosso relacionamento com a China”.

    Para o ex-embaixador Rubens Barbosa, a política internacional de Lula no início de seu mandato de se voltar aos países da América Latina é importante principalmente para a agenda de reindustrialização do país, uma vez que o Brasil exporta produtos manufaturados para a Argentina e para o Uruguai e procura fortalecer as relações diplomáticas na região. “Nos últimos quatro anos nós ficamos afastados e essa viagem representa a volta da importância da América do Sul e da comunidade latino-americana”, diz ele.

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