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A disparada da inflação e a pressão recorde de preços na indústria

Apesar da desaceleração na segunda metade de 2021, a inflação na porta da fábrica subiu 28,39% no ano; dólar alto e commodities caras influenciaram

Por Larissa Quintino Atualizado em 1 fev 2022, 18h27 - Publicado em 1 fev 2022, 09h39
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  • A inflação ao consumidor voltou a casa dos dois dígitos, como não ficava desde 2016. E, para alguns setores, a pressão foi ainda maior. No caso da indústria, o índice de preços ao produtor bateu 28,39% em 2021, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira, 1º. De acordo com o instituto, este é o recorde da inflação de preços ao produtor em sua série histórica, iniciada em 2014. O índice IPP ficou 9 pontos percentuais acima da registrada em 2020.

    De acordo como gerente de análise e metodologia da coordenação de indústria do IBGE, Alexandre Brandão, são muitas as variáveis que contribuíram para esse comportamento dos preços na indústria brasileira. O câmbio, que desvalorizou quase 10%, é uma das principais. “Podemos enumerar  o comportamento do mercado ao longo do ano, com aumentos consideráveis no preço do minério de ferro, do óleo bruto de petróleo, de alimentos como açúcar e carne. Também não dá para desconsiderar a pandemia, que ainda tem tido impacto nas cadeias produtivas, além do clima, já que o inverno foi rigoroso e proporcionou problemas na safra do açúcar e do café, por exemplo”, diz.

    Embora tenha apresentado índice recorde no acumulado anual, o IPP demonstrou desaceleração no segundo semestre. Em junho, o acumulado de 2021 era 36,78%, e caiu ao longo dos meses até a taxa de 28,39%. “Do meio para o fim do ano, houve uma atenuação muito grande por conta do setor de indústria extrativa, em específico, do minério de ferro, cujos preços foram desacelerando a partir de setembro”, explica Brandão. Em dezembro, por exemplo, o índice registrou deflação de 0,12%.

    O IPP mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, isto é, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e da transformação. Oito delas fecharam o ano com alta, destaque para refino de petróleo e biocombustíveis (69,72%), outros produtos químicos (64,09%), metalurgia (41,79%) e madeira (40,76%). Já as principais influências no acumulado da indústria geral vieram do refino de petróleo e biocombustíveis (com 5,88 pontos percentuais), outros produtos químicos (5,14 p.p.), alimentos (4,77 p.p.) e metalurgia (2,73 p.p).

    Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, o resultado anual se configura a partir da variação de 21,08% em bens de capital (com influência de 1,53 p.p.), de 35,15% em bens intermediários (19,58 p.p.) e de 19,66% em bens de consumo (7,28 p.p.), sendo 15,95% em bens de consumo duráveis (0,99 p.p.), e 20,41% em bens de consumo semiduráveis e não duráveis (6,29 p.p.).

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