A aposta da Netflix para desbancar HBO e Star+ em esportes ao vivo
Com jogadores profissionais e pilotos de Fórmula 1, Netflix planeja primeiro evento esportivo ao vivo
Já consolidada como uma das principais plataformas de streaming em séries e documentários esportivos, a Netflix deve sacudir o mercado e pensa em investir em transmissões de esportes ao vivo ainda em 2023. A empresa está em negociações para transmitir seu primeiro evento: um torneio de golfe que reuniria desde jogadores profissionais até pilotos de Fórmula 1, segundo informações do Wall Street Journal.
O torneio já teria um local escolhido: Las Vegas. Entre os convidados, estariam celebridades da série de automobilismo Drive to Survive, produzida pela própria Netflix e que se tornou um sucesso de audiência, e Full Swing, que acompanhou profissionais de golfe durante a temporada de 2022. “A Netflix, que lidera o mercado de streaming, lança mão de novas estratégias e passa a apostar em esportes ao vivo, que costumam gerar conversão imediata de novos assinantes e diminuição de cancelamentos”, afirma Ivan Martinho, CEO da WSL (World Surf League) na América Latina e professor de marketing esportivo da ESPM.
Ainda segundo o Wall Street Journal, a decisão da Netflix de escolher um torneio de golfe de celebridades como seu primeiro evento esportivo a ser transmitido ao vivo é um sinal de que a empresa está sendo cautelosa, mas garantir os direitos de transmissão desses eventos pode representar uma oportunidade para os negócios da plataforma.
A razão por procurar competições de menor porte tem a ver com os cuidados da empresa com investimentos exorbitantes, visto que o número de assinantes não cresceu neste último ano. Por outro lado, a Netflix não quer se ver atrás na concorrência com outros players do setor, casos da Apple TV+, que passou a transmitir MLB e MLS, da Amazon Prime Video, que detém os direitos da NFL e NBA, e também da Paramount+, que passou a exibir a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana no Brasil.
Em seu catálogo, a Netflix possui uma extensa lista de séries, como Cristiano Ronaldo, Neymar: o Caos Perfeito, The English Game, Club de Cuervos, Apache: a Vida de Carlos Tevez, Sunderland até Morrer, Juventus: Prima Squadra, Brasil 2002: Os Bastidores do Penta, Contigo, Guerrero, Naomi Osaka: Estrela do Tênis, além de filmes e documentários como Diego Maradona, Pelé, Santo Time, O Divino Baggio, O Time da Redenção e O Caso Figo.
A de grande sucesso, também da Netflix, é F1: Drive to Survive. Ela foi vista mais de 50 milhões de vezes, e a audiência da Fórmula 1 cresceu mais de 58% após surgimento da série. “É um tipo de conteúdo que já existia, mas não desta maneira, com hora marcada. Agora, a pessoa escolhe o que quer e quando quer ver. Estamos falando da customização do consumo, com um leque de opções infinito”, explica Bruno Maia, sócio da Feel The Match, desenvolvedora de propriedades intelectuais para Web3 e Streaming.
De acordo com o último levantamento feito pela consultoria Kantar Media, em meados deste ano, 22% dos brasileiros consomem serviços de streaming. Os números podem parecem baixos, mas entre as plataformas on-line fica atrás apenas da Globo.
Fora do país, o cenário é ainda maior. De acordo com números da Nielsen, divulgados no final de agosto deste ano, 34,8% dos cidadãos americanos utilizaram as plataformas de streaming, com 191 bilhões de minutos consumidos. Isso é 22,6% maior se comparado com julho de 2021. Neste mesmo período, a TV a cabo registrou 34,4% de participação, enquanto a TV aberta ficou com 21,6%. “Caso se confirme, é um investimento audacioso, mas que se der certo pode fazer com que a Netflix recupere algumas receitas perdidas nesses últimos anos e absorva um nicho novo do streaming ao vivo, já com a expertise de quem fez produções de excelência dentro do universo esportivo”, argumenta Fernando Patara, cofundador e chefe de inovação do Arena Hub, centro de fomento à inovação em esporte, entretenimento e mídia da América Latina.