Black Mirror nasceu na televisão britânica em 2011, no Channel 4, mas caiu na boca do povo cinco anos depois, quando migrou para a Netflix. Em uma mistura de ficção científica e tecnologia, salpicada por romances, suspense e até tons de terror, a série é composta por episódios independentes, como filmes de 40 a 90 minutos de duração cada, que podem ser assistidos e apreciados como o espectador preferir. VEJA destrinchou todos os episódios das cinco temporadas de Black Mirror e o filme interativo: confira abaixo um ranking, do melhor ao pior.
Toda a Sua História
Muitos sonham em reviver momentos guardados na mente, mas o acesso irrestrito ao banco de memórias humano pode levar à paranoia. Tal dualidade desenha o terceiro episódio da primeira temporada, Toda a Sua História (The Entire Story of You), um grande queridinho do público. Na trama, um casal vê um momento de ciúme ser transformado em uma caótica investigação mental.
Hino Nacional
Logo no episódio de estreia de Black Mirror, os espectadores se veem frente a um jogo sádico, envolvendo o primeiro-ministro, a princesa da Grã-Bretanha e um porco. Um hacker sequestra a queridinha da realeza. Em troca de sua liberdade, ele pede que o político tenha relações sexuais com um porco ao vivo, em rede nacional. O episódio é difícil de esquecer e mostra de cara que a série veio para chocar.
Black Museum
Episódio que encerra a quarta temporada, Black Museum narra três histórias, emolduradas pela visita de uma garota ao “museu negro”, que expõe “lembrancinhas” dos piores crimes já cometidos. Por ser recheado de referências às outras tramas de Black Mirror, o ideal é que ele seja visto na ordem sugerida pela série.
San Junipero
San Junipero se destaca entre os episódios de Black Mirror, não apenas pelas duas estatuetas no Emmy 2017, de melhor roteiro e melhor filme para a televisão, mas por apresentar uma montagem, história e desfecho bem distintos do restante da série. Criativa, a trama mostra o romance de duas mulheres que se conhecem em uma situação, por assim dizer, surreal. Por fim, elas precisam decidir o que farão pelo resto da eternidade.
Natal
O especial de Natal — posteriormente alocado ao final da 2ª temporada — reúne três histórias ambientadas durante o feriado, que culminam em reviravoltas chocantes. Isolados em uma base de observação na Antártica, dois homens compartilham os motivos pelos quais resolveram se afastar da humanidade, colocando em cheque o quão real é a vida criada pela tecnologia. Com Jon Hamm, da série Mad Men, no elenco.
Hang the DJ
Hang the DJ apresenta uma história de amor na era dos aplicativos de namoro. Em uma sociedade isolada por uma redoma, os casais são unidos por um sistema operacional que promete achar seu “amor verdadeiro” — isso depois de testá-los com diversos outros parceiros. Contudo, a humanidade fala mais alto, e um casal que não deveria ficar junto se apaixona à primeira vista.
Volto Já
Uma jovem vê na inteligência artificial a chance de reencontrar o marido, morto precocemente em um acidente de carro. No entanto, a possibilidade, que inicialmente encanta a protagonista e os espectadores da segunda temporada, se revela amarga a medida que ela se envolve com o “clone” de seu parceiro.
Queda Livre
Queda Livre levou ao extremo um elemento corriqueiro da atualidade: a pontuação virtual para prestadores de serviço e consumidores, caso de empresas como Uber e Airbnb, em que estrelas marcam a qualidade de ambos os lados. Em uma sociedade totalmente baseada em um sistema de pontuação, comprar uma casa, conseguir um emprego ou até alugar um carro dependem da popularidade numérica alcançada. Com Bryce Dallas Howard como protagonista, o episódio se tornou um dos mais comentados da terceira temporada.
Odiados Pela Nação
Pessoas “odiadas” nas redes sociais começam a ser misteriosamente mortas na vida real, chamando a atenção das autoridades. A investigação culmina na tentativa de impedir uma tragédia. O sexto episódio da terceira temporada explora a eficácia das mobilizações via internet na era da tecnologia — tanto para o bem, quanto para o mal.
Bandersnatch
O filme interativo se passa nos anos 80 e acompanha Stefan (Fionn Whitehead), um jovem que tenta criar um jogo de videogame baseado em um livro que era de sua mãe. Do outro lado da tela, quem assiste ao programa da Netflix é convidado a tomar decisões pelo rapaz, que vão mudando o rumo da trama, e levantam questões sobre os conceitos de livre-arbítrio e destino. A história oferece cinco desfechos principais. Nas redes sociais, fãs mais obstinados passaram horas desvendando as possibilidades. Enquanto outros menos afeitos ao ritmo acabaram reclamando da demora para chegar ao fim da trama – e encerraram sua participação antecipadamente.
Urso Branco
Uma mulher acorda sem memória de quem é, em um lugar onde as pessoas não interagem entre si e vivem grudadas em seus celulares. Enquanto encara uma perseguição e perigos, ela é constantemente filmada pela plateia ao redor, que não oferece ajuda. Controverso, o segundo episódio da segunda temporada dividiu o público quanto a abordagem “pouco convencional” de crime e castigo.
Striking Vipers
Dois velhos conhecidos se reconectam após uma festa de aniversário. Danny (Anthony Mackie) ganha de Karl (Yahya Abdul-Mateen II) um jogo de realidade virtual. Quando entram no espaço online, a relação entre eles muda, o que acaba afetando a vida real de ambos, especialmente o casamento de Danny. O episódio filmado em São Paulo é melancólico e bastante sexual, e usa a tecnologia como espaço de libertação de contratos sociais.
Arkangel
Para proteger a filha, uma mãe concorda em implantar um dispositivo na cabeça da garota. O sistema permite que ela veja tudo que a criança vê e até censurar algumas cenas, com um filtro fosco. Vendo as implicações que a tecnologia trouxe para a infância da menina, a mãe deixa de lado o programa, mas a chegada da adolescência colocará em xeque a decisão. O segundo episódio da quarta temporada é dirigido por Jodie Foster.
Manda Quem Pode
Na contramão, Manda Quem Pode não explora as mazelas que a tecnologia reserva para o amanhã, mas os perigos aos quais já estamos expostos nos dias atuais — e por isso, talvez, seja tão assustador. Um garoto é forçado a entrar em um jogo de tons malignos, que o leva ao mundo do crime. Tudo para proteger sua privacidade quando hackers ameaçam revelar o histórico de seu computador
Quinze Milhões de Méritos
Em um cenário distópico, os humanos vivem confinados em um lugar em que a atividade principal é pedalar bicicletas, gerando energia — e moedas virtuais para os “atletas”. Para fugir da rotina, eles assistem a um show de talentos e programas repetitivos, que envolvem sexo e violência. Fazer parte de uma destas atrações se mostra a principal maneira de sair da alienação — para entrar em outra. O capítulo deu verniz à carreira do ator Daniel Kaluuya, que conquistou o protagonismo do filme Corra! e um papel em Pantera Negra.
USS Callister
Uma releitura sádica de Star Trek, o episódio de abertura da quarta temporada mistura temas como solidão, bullying e obsessão respaldadas por uma avançada realidade virtual. A belíssima fotografia e os efeitos especiais somam ao trabalho do elenco, o mais estrelado de Black Mirror até o momento, com Jesse Plemons, de séries como Fargo e Breaking Bad, e filmes como Aliança do Crime e Feito na América, Cristin Milioti (de How I Met Your Mother), Jimmi Simpson (Westworld) e Michaela Coel (Chewing Gum).
Rachel, Jack e Ashley Too
Rachel (Angourie Rice) é uma garota solitária, que só esboça sorrisos ao ver na tela do celular ou da TV sua cantora favorita, Ashley O (Miley Cyrus). Jack (Madison Davenport), sua irmã mais velha, também se esconde da realidade na típica rebeldia adolescente, com o uso excessivo do fone de ouvido e caretas com maquiagem roqueira. Ambas perderam a mãe. Rachel pede de aniversário a boneca Ashley Too, um elaborado brinquedo tecnológico de inteligência artificial que traz a voz da estrela pop e frases motivacionais. Do outro lado, Ashley é uma jovem isolada e explorada pelo aparato milionário de sua equipe. O caminho das três se cruza em uma trama que envolve a dor do luto e uma tentativa de assassinato.
Crocodilo
No futuro apresentado pelo terceiro episódio da quarta temporada, as memórias perdem o direito de serem privadas e podem ser acessadas a partir de um sistema. Por fim, a tecnologia acaba se tornando uma grande ferramenta de corretoras de seguro. Em uma investigação, os caminhos de personagens se cruzam resultando em um final intenso.
Metalhead
Todo em preto e branco, Metalhead traz o batido confronto entre o homem — nesse caso, uma mulher — e as máquinas. Aqui, robôs separam humanos de suplementos para a vida, e provocam uma grande perseguição à protagonista. Apesar de esteticamente bonito, o episódio não se aprofunda na história que levou à personagem até ali e se mostra o mais fraco quando comparado aos demais da quarta temporada.
Smithereens
Chris (Andrew Scott) trabalha como motorista de aplicativo. Ele só pega corridas de pessoas que saem do prédio de uma grande empresa de tecnologia e, em determinado momento, um dos funcionários acaba sob a mira de sua arma. O sequestro é para chamar a atenção do CEO da tal empresa (vivido por Topher Grace). Um longo clima de tensão se estabelece. Com investigações paralelas — de um lado a polícia e seus velhos métodos, do outro, a empresa de tecnologia que sabe tudo sobre a vida do sequestrador — começa uma negociação para que ele liberte o refém. Apesar das boas atuações e do jogo de poderes entre o antigo e o novo, o episódio desaponta por seu final de crítica leve ao uso excessivo das redes sociais.
Versão de Testes
Um homem se voluntaria para testar um novo jogo de realidade virtual. O episódio brinca com o limite tênue entre ficção e realidade na era da tecnologia, mas entre tantas idas e vindas, acaba cansativo e sem propósito.
Engenharia Reversa
Os humanos são divididos entre os contaminados por um vírus mortal, chamados “Baratas”, e aqueles que escaparam da ameaça e, por conseguinte, precisam proteger seus iguais. As cenas de batalha bem coreografadas e os efeitos especiais de equipamentos bélicos, no entanto, acabam ofuscados pela história cansativa e tão previsível quanto uma distopia adolescente.
Momento Waldo
Waldo mistura política e tecnologia, ao colocar um boneco de animação como candidato ao governo. No entanto, o episódio perde a mão nas críticas sociais, e acaba voltado mais para o dilema interno e pouco interessante do dublador de Waldo.