Thiago de Mello, poeta que celebrava a Amazônia, morre aos 95 anos
Nascido no interior do Amazonas, autor ficou conhecido por usar a poesia para falar sobre a floresta e dar visibilidade à sua terra natal
Morreu nessa sexta-feira, 14, o poeta amazonense Thiago de Mello, aos 95 anos. Thiago faleceu em sua casa, em Manaus, e a causa da morte não foi informada. Por meio das redes sociais, o governo do Amazonas decretou luto oficial de três dias no estado e prestou condolências à família.
Nascido em Barreirinha, no interior do Amazonas, Thiago é um dos poetas mais reconhecidos da região, e ficou famoso por usar a poesia como uma forma de defesa da floresta. Seu poema mais famoso, Os Estatutos do Homem, foi escrito logo após a instauração da ditadura militar no Brasil, e se espalhou pelo mundo ao ser traduzido para diversos idiomas. “Fica decretado que agora vale a verdade/que agora vale a vida/ e que de mãos dadas/ trabalharemos todos pela vida verdadeira”, diz a primeira estrofe.
Preso pela ditadura, o poeta se exilou no Chile, onde entrou em contato com o escritor Pablo Neruda, com quem estabeleceu uma amizade e parceria literária de anos. Além da temporada chilena, Thiago também morou na Argentina, Portugal, França e Alemanha antes de retornar ao Brasil com o fim do regime militar. Em 1975, ainda durante a ditadura, foi reconhecido por sua luta em prol dos direitos humanos pela Associação Paulista dos Críticos de Arte, que o aclamou pelo livro Poesia Comprometida com a Minha e a Tua Vida.
Fora da poesia, usou a prosa para dar visibilidade ao Amazonas e suas floresta. Em 1984, publicou o livro Manaus Amor e Memória (clique para comprar), que foi seguido por Amazonas, Pátria da Água, de 1991, e Amazônia — A Menina dos Olhos do Mundo, de 1992. Sua última obra, Notícias da Visitação que Fiz no Verão de 1953 ao Rio Amazonas e seus Barrancos (clique para comprar), foi publicada em 2021.
No ano passado, quando completou 95 anos, Thiago foi homenageado pela prefeitura de Manaus em uma exposição virtual que celebrava sua obra e e a relação com a região. No mesmo ano, foi homenageado pela 34º Bienal de São Paulo, que usou o verso ‘Faz escuro mas eu canto’ como tema do evento. O verso faz parte do poema Madrugada Camponesa, lançado em 1965. A obra, inclusive, ganhou uma versão musical no mesmo ano de seu lançamento, fruto de uma parceria do poeta com o músico Monsueto Menezes.
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