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Teresa Cristina, a rainha das lives: ‘Virou uma roda de samba virtual’

Com concorridas transmissões ao vivo durante a pandemia, a cantora conta com seguidores assíduos e ilustres

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 jul 2020, 21h18 - Publicado em 22 jul 2020, 14h30
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  • A sambista carioca Teresa Cristina, 52 anos, protagonizou uma missão difícil nesta pandemia: destacar-se em meio a um número incalculável de lives. Sua proeminência neste campo não é apenas medida pela quantidade de seguidores fieis (já passam de 320.000 no Instagram), que batem ponto em suas transmissões ao vivo com rara assiduidade, mas também por presenças ilustres na platéia virtual: Caetano Veloso, Chico Buarque, Alceu Valença, Gilberto Gil e Marisa Monte são apenas algumas delas. Às vezes, aparecem sem avisar, surpreendendo o público e a própria cantora, que deu a VEJA a seguinte entrevista.

    Como foi receber visitas-surpresa do quilate de Gilberto Gil e Caetano Veloso (de pijamas) em suas lives? Toda vez que alguém que eu admiro entra lá, ainda mais sem avisar, dá aquela emoção. Caetano, que está fora do universo das lives, me deu um susto. Vejo como um gesto de humildade deles estar ali para palpitar e se misturar com o público.

    Qual o maior atrativo das suas lives? Como entro ao vivo diariamente e o confinamento nos coloca num lugar emocional bem atípico, talvez o maior atrativo seja minha naturalidade ao conversar com as pessoas. Todo mundo quer dar opinião e quando leio algum comentário nos aproximamos. Seja na dor, na emoção ou na alegria.

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    É tudo no improviso mesmo? Sim. As pessoas entram, me cumprimentam e começam a bater papo. Virou uma roda de samba virtual. Os fãs mandam cerveja, salgadinhos e bilhetes com músicas e versos para minha casa. Criamos uma cumplicidade.

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    O que é o CrisTinder? Muita gente se paquera durante as lives, aí inventaram o apelido. Os fãs entram,se identificam, contam que estão solteiros e dali começa um papo. Na timeline, vejo umas cantadas leves e outras bem diretas. Recebi várias histórias de paqueras que foram adiante, felizmente.

    Por que decidiu fazer lives? Para ocupar a cabeça e manter a saúde mental. Minha rotina mudou completamente com a pandemia. Também arrumo a casa, faço faxina e alimento minha filha e minha mãe, de 80 anos.

    Você tem lucrado com as lives? Fiz apenas duas lives patrocinadas, pelas quais recebi cachê. As outras, não. Esses encontros virtuais me deixam feliz, principalmente quando as pessoas estão ‘fervendo’ ali dentro.

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    Seguirá na internet depois da quarentena? Sou mais do encontro físico do que do virtual. Espero que esses espectadores me acompanhem no palco, onde o acolhimento é de outra natureza. Mas sei que é preciso ter paciência. Minha profissão vai a ser a última a voltar à normalidade. Enquanto isso, as lives me preenchem.

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    Protestos contra o racismo se disseminam nos Estados Unidos e em outros países, inclusive no Brasil. Como vê este problema? Falar de racismo no Brasil é diferente dos Estados Unidos. A repressão brasileira é muito mais forte, desonesta e violenta. As cenas da derrubada de uma estátua de um mercador de escravos, em Londres, me deram esperança no mundo. Já no Brasil, pessoas foram presas indo à passeata, só por serem negras e fazerem a justa reivindicação de uma sociedade antirracista.

    Em uma de suas lives, a cantora Alcione criticou o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, dizendo que ele merecia “uma porrada. Ele rebateu com agressividade. Qual sua opinião sobre o conflito? Alcione o chamou de “Zé Ninguém” e tem razão. Ele foi desrespeitoso com ela e com o povo preto brasileiro. Está claro que desconhece a própria história.

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