Em sinal de repúdio à vitória de Roman Polanski na categoria de Melhor Diretor, no Cesar Awards, conhecido como o Oscar do cinema francês, em Paris, muitos presentes na cerimônia levantaram-se e deixaram o auditório. O protesto contra a premiação do cineasta, que concorria com o filme O Oficial e O Espião – longa-metragem sobre o escândalo político Dreyfus, ocorrido entre 1894 e 1906 – ocorreu na noite desta sexta-feira. Adèle Heanel, uma das protagonistas de Retrato de Uma Jovem em Chamas, indicada à categoria de Melhor Atriz, foi uma das personalidades que deixou o local insatisfeita com a premiação. O diretor franco-polonês, de 86 anos, fugiu dos Estados Unidos para a França no final da década de 1970 após admitir ter estuprado uma menina de 13 anos e enfrenta acusações recentes de agressões sexuais.
Toda a cerimônia do Cesar Awards foi cercada de muita tensão. Polanski, cujo o seu filme concorria a doze indicações, já havia anunciado que não compareceria à cerimônia por temer um “linchamento público”. Desde o início da noite desta sexta-feira, centenas de manifestantes protestaram em frente ao Salle Pleyel, onde foi realizada a festa, na capital francesa. Cerca de duas horas antes do início do anúncio dos premiados com o “Oscar francês”, dezenas de pessoas tentaram se aproximar do local, que era protegido por barreiras policiais. Os manifestantes criticavam a academia francesa por reverenciar um filme do cineasta e ressaltavam sua indignação em slogans, como “Tranque Polanski na cadeia”, “Vítimas de Polanski, acreditamos em você” e “Cinema culpado, cúmplice público”.
Antes da premiação, a polícia francesa entrou em confronto com os manifestantes e duas ativistas chegaram a ser detidas. Na própria sexta, o ministro da Cultura da frança, Franck Riester, havia declarado que seria um “símbolo ruim” um César de melhor diretor ir para Roman Polanki. O grande vencedor do Cesar Awards deste ano foi Os Miseráveis, dos indicados ao Oscar 2020 de Melhor Filme em língua estrangeira.