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Suposta vítima de Kevin Spacey diz que filmou abuso sexual

William Little, que na época tinha 18 anos, disse ter enviado vídeo do incidente à sua namorada. Se condenado, ator pode pegar até cinco anos de prisão

Por AFP Atualizado em 26 dez 2018, 22h01 - Publicado em 26 dez 2018, 21h57
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  • William Little, o homem que acusou o ator Kevin Spacey de abuso sexual em uma localidade turística perto de Boston, em 2016, filmou parte do ocorrido, de acordo com a denúncia que apresentou.

    O ator americano, de 59 anos, estrela da série House of Cards e ganhador de dois Oscar, será acusado formalmente no tribunal da ilha de Nantucket em 7 de janeiro, por “agressão sexual com lesões a uma pessoa com mais de 14 anos”. Se for considerado culpado, Spacey poderá ser condenado a até cinco anos de prisão.

    William Little, que tinha 18 anos no momento da suposta agressão, em julho de 2016, contou à polícia que enviou mensagens pelo Snapchat, entre elas um vídeo, a sua namorada quando estava no bar-restaurante Club Car de Nantucket com o ator, segundo a denúncia.

    Little era funcionário no Club Car e naquela noite ficou no restaurante após seu expediente para ver Kevin Spacey, de quem era fã. Após se apresentar ao ator e afirmar ter 23 anos – no estado de Massachusetts a idade mínima para o consumo de álcool é 21 anos – começou a beber com ele, primeiro cerveja e depois uísque.

    De acordo com o texto, Spacey então convidou o jovem a ir a sua casa com outros amigos. Little recusou o convite, suspeitando que o ator estava tentando seduzi-lo, mas ficou no bar porque “queria uma foto com Spacey, algo para o Instagram”.

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    O ator então começou a molestar sexualmente o jovem, colocando sua mão por cima da calça dele, segundo o texto. Little tentou afastar Spacey, ao mesmo tempo em que trocava mensagens com sua namorada sobre a agressão. Como ela não estava acreditando nele, ele enviou um vídeo do ator colocando a mão em sua calça.

    O jovem então deixou o bar, seguindo o conselho de uma mulher que viu que “ele estava aflito”. Ele voltou ao trabalho no dia seguinte e informou ao dono do bar sobre o incidente, disseram os documentos do tribunal.

    A mulher aparentemente não pôde ser encontrada pela polícia, por não fazer parte das testemunhas mencionadas na denúncia.

    Ao voltar para a casa de sua avó, onde estava morando naquele verão, o jovem relatou os fatos a sua irmã e, no dia seguinte, a sua mãe, a jornalista Heather Unruh, a primeira pessoa a falar publicamente desta agressão, em novembro de 2017. A advogada de Spacey não respondeu ao pedido de declarações.

    A acusação de Nantucket é a única que se tornou uma denúncia, mas há outras investigações em andamento contra Kevin Spacey em Los Angeles e Londres, onde ele dirigiu o teatro Old Vic durante 11 anos.

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    Defesa ambígua

    O ator não aparece em público desde as primeiras acusações contra ele, em outubro de 2017, no início do movimento #MeToo. Ele foi afastado da última temporada da série House of Cards e do último filme de Ridley Scott, Todo o Dinheiro do Mundo, no qual foi substituído por Christopher Plummer.

    Na segunda-feira 24, Spacey postou na internet um vídeo ambíguo em que parece responder às acusações de abuso sexual no personagem de Frank Underwood, o político que interpretava em House of Cards. “Se não paguei pelas coisas que ambos sabemos que fiz, certamente não vou pagar pelas que não fiz”, diz no vídeo, dirigindo-se ao telespectador.

    O vídeo gerou fortes críticas, por exemplo, das atrizes Alyssa Milano e Patricia Arquette. A atriz americana Ellen Barkin o qualificou como “muito perturbador”. “Talvez porque os crimes de Frank Underwood são imaginários, enquanto os de Kevin Spacey não”, tuitou.

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