Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Stepan sobre polêmicas de Chacrinha: ‘Ele era o kit gay da época’

Stepan Nercessian e Eduardo Sterblitch, que interpretam o apresentador no cinema, falam a VEJA sobre as controversas e o legado deixado pelo Velho Guerreiro

Por Lucas Almeida Atualizado em 8 nov 2018, 11h53 - Publicado em 8 nov 2018, 11h16
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Stepan Nercessian se tornou um especialista em Chacrinha. Depois de viver o Velho Guerreiro em um musical entre 2015 e 2017 e protagonizar o especial da Globo que comemorou 100 anos do nascimento de Abelardo Barbosa, o ator chega aos cinemas com o personagem nesta quinta-feira 8.

    Dirigido por Andrucha Waddington, o longa Chacrinha: O Velho Guerreiro acompanha a carreira do pernambucano, desde o seu primeiro programa em uma rádio fluminense até os últimos anos na televisão. “As forças que iam contra o Chacrinha eram a igreja, a censura, o moralismo e a psiquiatria, que o enquadrava como um louco. Ele era o kit gay da época”, compara Nercessian, bem-humorado, em entrevista a VEJA.

    O ator vive Chacrinha já na sua fase consagrada da carreira, quando o apresentador dominava a audiência na televisão com o seu programa de calouros. Na primeira parte do longa, quem interpreta o protagonista é o comediante Eduardo Sterblitch, que, aos 31 anos, não tem muitas lembranças sobre o pernambucano, mas garante: “O brasileiro tem um mal de vira-lata e o Chacrinha mostrou que ser vira-lata é maravilhoso, que é maravilhoso ser brasileiro.”

    Confira a entrevista com a dupla:

    O Chacrinha está no imaginário do Brasil inteiro. Qual foi o maior desafio em interpretá-lo?

    Continua após a publicidade

    Eduardo Sterblitch: Eu estava muito preocupado com a questão do corpo, do centro de gravidade dele e como ele fala. O Chacrinha teve problema no pulmão, então também tinha uma questão com a respiração. O Stepan me ajudou muito nos ensaios na casa dele.  Ele interpretava o meu texto e eu filmava todos os nossos encontros, para entender como seguir. 

    Stepan Nercessian: Já a minha preocupação, desde o início, era ficar na forma e esquecer o conteúdo. Quando você coloca a cartola e pega a buzina todo mundo fica parecido com o Chacrinha, é uma fantasia. Mas, ao mesmo tempo, tinha que fazer cenas só de cueca e as pessoas precisavam acreditar que era o mesmo personagem. Com o passar do tempo, também é necessário fazer um exercício de humildade de não querer aparecer. O público não quer ver o ator, e sim o Chacrinha. Ele é o campeão de audiência. Depois de já ter feito no teatro e o especial na televisão, o pânico é maior no cinema, porque vai ficar registrado para sempre e a câmera fica na sua cara.

    O brasileiro tem um mal de vira-lata e o Chacrinha mostrou que ser vira-lata é maravilhoso, que é maravilhoso ser brasileiro

    Eduardo Sterblitch
    edu
    Eduardo Sterblitch como Chacrinha na juventude no filme ‘Chacrinha: O Velho Guerreiro’ (Suzanna Tierrie/Divulgação)

    Para vocês, qual foi o principal legado deixado pelo Chacrinha?

    Continua após a publicidade

    Sterblitch: O brasileiro tem esse mal de vira-lata e o Chacrinha mostrou que ser vira-lata é maravilhoso, que é maravilhoso ser brasileiro. Ele é um palhaço e representa muito o brasileiro para mim, que não se abalou com as dificuldades que a vida apresentou e soube trabalhar com o que foi aparecendo.

    Nercessian: Foi fundamental para mim entender que o Chacrinha é fruto da perseverança dele. O Chacrinha brigou com Deus e o mundo, com os poderosos. Ele não brigava com o contrarregra, mas sim com o Roberto Marinho, com a TV Tupi e com a Bandeirantes, porque acreditava no que fazia. Talvez, hoje, não exista mais espaço para esse tipo de briga. As forças que iam contra o Chacrinha eram a igreja, a censura, o moralismo e a psiquiatria, que o enquadrava como um louco. Ele era quase o kit gay daquela época. É importante a gente saber disso, porque, quando essa mesma sociedade o aceita, foi porque ele resistiu a tudo e a todos. Muitas críticas sobre o Chacrinha eram sobre ele desrespeitar os mais pobres e essa mesma sociedade que achava que era um absurdo ver o cara sem dente ser buzinado no programa do Chacrinha é a que aceita o único lugar que o povo brasileiro tem hoje na televisão: nos programas de crimes.

    As forças que iam contra o Chacrinha eram a igreja, a censura, o moralismo e a psiquiatria, que o enquadrava como um louco. Ele era quase o kit gay da época

    Stepan Nercessian

    O senhor chegou a ter contato com o Chacrinha dentro da TV. Passou a vê-lo de outra forma depois das pesquisas para interpretá-lo?

    Nercessian: No fundo, eu não fui surpreendido. O que marcou para mim foi o mergulho emocional no Chacrinha. Ele só conseguia ser feliz de verdade quando estava em cena, era o único momento em que tudo parecia fácil.

    Continua após a publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.